quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Rumo ao Atacama!(parte III): Pukará de Quitor e Reserva Los Flamencos

Enfim chegou domingo, nosso último dia ativo no Atacama, pois na segunda cedo voaríamos novamente a Santiago. O primeiro passeio do dia foi proposto pelo nosso pai: uma visita às ruínas de Pukara de Quitor, uma civilização pré-incaica que habitava a região. A proposta, não muito comum entre tantas opções mais conhecidas, veio a ser uma das melhores da viagem: o lugar é encantador.

Eu, Nay, Luna, pai e Domingo demoramos pouco mais de 40 minutos para escalar até o topo do monte onde estavam as ruínas. A vista, óbvio, dava ao Licancabur, quem mais? O passeio, se não me engano, custou 1500 pesos (perto de seis reais) e você pode caminhar livremente pelas ruínas, sem, obviamente, tirar nada do lugar. Claro que não podíamos deixar de transgredir uma das regras e seguramos a placa “Zona de cumbre” para tirarmos fotos. Coisas que fazem parte da viagem se você está com o Dema...
Segunda aventura do dia: ir ao Salar do Atacama conhecer a Reserva de Flamingos na laguna Chaxa. Um espetáculo totalmente diferente de tudo.
Chegamos de carro, como sempre, no meio do nada: somente areia e sal – afinal, estamos em um salar – para todos os lados, e nada mais. Ao descer do carro há uma pequena casinha onde são vendidas as entradas da reserva, e atrás dela se esconde a laguna. É necessário caminhar na aridez do deserto por uns 10 minutos – e, no nosso caso, bem embaixo do sol de meio-dia – até avistar os flamingos dentro d’água. As aves ficam o tempo todo com a cabeça baixa, procurando comida nas águas salgadas. Às vezes uma ou outra resolvem levantar voo bem em cima da cabeça dos turistas, que, óbvio, não param de tirar fotos. Além da laguna e dos flamingos não existe nada além de areia e sal. Até o horizonte.
Fui caminhar com a Luna pela reserva enquanto o pai ficava deitado na beira da laguna e a Nay também, em outro canto. Quando voltamos ela nos disse que passou ali por uma das experiências mais incríveis de sua vida: ficar em silêncio e ouvir absolutamente nada. Ela disse que ficou meia hora com a boca fechada para ver, pela primeira vez, como é ouvir o silêncio total. Em dado momento ouviu um zumbido forte, e acreditem, era o bater de asas de uma mosca. O Atacama proporciona experiências únicas.
Pela tarde, após voltarmos a San Pedro, resolvemos ir ao Pozo Tres, uma piscina pública da cidade, onde o pai havia ido uma vez há mais de 20 anos. Claro que eu, Nay e Domingo, peritos em participar de roubadas, fomos com ele.
O lugar, segundo o pai, mudou completamente: construíram uma parede que bloqueava a vista ao Licancabur (isso foi uma novidade para mim, pois o vulcão sempre é visto de qualquer lugar) e estava cheio de pessoas. “Quando eu vim era só eu e minha esposa”, disse. Bom, apesar das mudanças ele e Domingo resolveram cair na piscina enquanto eu e Nay tomávamos banho de sol.
Duas horas depois, quando resolvemos ir embora, vieram o pai e o Domingo rindo em nossa direção. “Vocês não viram nada?”, nos perguntaram. Após dizermos que não com uma cara de desentendidas eles explicaram: “O salva-vidas da piscina, após verem vocês entrarem, saiu correndo para buscar aparelhos de peso e passou a última hora inteira perto de vocês, fazendo exercícios. Se alguém se afogasse ele nem ia notar.” E o pior: nós nem reparamos! O coitado deve ter ido para casa com dor nos braços e inconsolado: sequer reparamos sua presença.
À noite, para nos despedirmos bem do deserto, compramos cervejas, vinho e piscos para o último jantar no hostal. O pai e o Domingo assaram frango, e ficaram a noite toda fazendo a piada “Alguém quer carne de flamingo?” para os outros hóspedes. Um jovem alemão, o Matthias, sentou para comer conosco. Já havíamos conversado com ele em outras noites, ele é uma pessoa bacana e, como todo bom alemão, forte para o álcool.
Após o jantar pai e Domingo foram dormir enquanto que eu, Nay e Luna continuamos bebendo com nosso amigo. Na madrugada seguinte, às 4h, ele sairia para fazer o passeio dos gêiseres, e por essa razão nos propôs beber até a hora de seu passeio. Aceitamos. Ficamos entre garrafas de pisco e de cervejas – quentes, como toda boa cerveja chilena – bebendo e conversando. A noite no deserto é fria, de modo que estávamos todos encasacados. Ficamos até as 3h40 juntos em uma mesa no jardim do hostal, até que Matthias resolveu ir organizar suas coisas para o passeio que começaria em 20 minutos. Nós, mortas de cansaço, fomos dormir.
No dia seguinte, às 8h, tivemos que acordar para irmos a Calama, onde embarcamos de volta a Santiago. O voo dessa vez foi tranquilo, tirando a parte da aterrissagem, quando as rodas do avião fizeram um barulho enorme e as luzes de emergência ascenderam. “Acho que as rodas caíram”, disse o Domingo, rindo do pânico que provocou nas brasileiras. Mas chegamos bem, graças a Deus.
Em Santiago novamente tivemos apenas um dia para organizar a próxima viagem: La Serena, que começaria no dia seguinte pela manhã. Mas isso já é assunto para um outro post.

Rumo ao Atacama! (parte II): Gêiseres Del Tatio e Laguna Cejar

Se um dia você for ao Atacama e resolver sair de casa antes do amanhecer, lembre-se: coloque todas as roupas possíveis no corpo. Isso porque, apesar de você estar no deserto, a temperatura durante a noite chega ao negativo. Nós, por exemplo, sentimos a agradável temperatura de seis graus negativos. Fresquinho.
O ônibus que veio nos buscar chegou às 4h, e às 6h chegamos aos gêiseres. Lá ficamos uma hora inteira passeando entre a fumaça que saia do chão enquanto o guia – que resolveu que casaria com uma brasileira após nos conhecer, hahaha – explicava o fenômeno. É preciso estar preparado para aguentar o frio, repito. O Domingo, mesmo sendo chileno e estando mais acostumado ao frio, quase congelou as mãos porque não levou luvas. A Luna precisou emprestar as dela para ele conseguir voltar a mexer os dedos.
Depois de um breve chocolate-quente fomos a uma terma que ficava por ali mesmo. O guia recomendou a todos que estivessem com frio a entrar na água, pois estava bem quente, mas eu, Nay e Luna não tivemos coragem de entrar, pois sabíamos que quando saíssemos d’água a temperatura continuaria baixa. Esse pensamento não se estendeu aos demais e logo o pai, Domingo, japoneses, franceses, alemães e espanhóis estavam todos mergulhados nas cálidas águas da terma. O máximo que fiz foi esquentar – ou melhor, queimar – meus pés na beirada.
A terceira parte do passeio foi uma visita a Machuca, um povoado com apenas sete habitantes. Sim, eu digitei certo: sete. Nessa vila viviam mais pessoas, mas a população jovem começou a procurar outros lugares para viver. Hoje os moradores se revezam para manter o povoado, e a cada ano um grupo é responsável por viver ali, no meio do deserto, com poucos companheiros. Hoje a sobrevivência deles é praticamente o turismo: todos param ali para provar o anticucho de llama (espetinho de gato de lhama), vendido a 1800 pesos (como sete reais!!) e para tirar fotos de uma simpática velhinha vestida com roupas típicas e acompanhada por uma pequena lhama, que cobrava 1000 pesos (quatro reais!!!) por três fotos.
Voltamos para o hostal perto do meio-dia.  Ainda nos sobrava a tarde inteira para passear, e dessa vez resolvemos ir com o carro que o Domingo alugou até a Laguna Cejar, um dos lugares mais lindo do Atacama.
A Laguna Cejar fica simplesmente no meio do nada. É perto de San Pedro, mas a estrada é tão mal sinalizada que praticamente abrimos uma nova trilha para chegar até lá. Mas vale muito a pena: do nada, no meio da areia e do sal (estamos no Salar do Atacama), surge uma lagoa de águas douradas, que refleteo sol escaldante do deserto.
A melhor parte é entrar na água: você não afunda! Como é uma lagoa com uma concentração muito grande de sal é impossível colocar os pés no chão, como no Mar Morto. É assim ficamos: boiando, naquela água gelada que veio super bem a calhar em uma tarde de 40 graus, e admirando lá longe o vulcão Licancabur, o maior nas redondezas. Um dos melhores momentos da viagem.
Para fechar com chave de ouro fomos ver o pôr do sol no Valle de la Luna, um dos lugares mais famosos do Atacama. Chegamos lá um pouco antes do pôr do sol. Para ver o sol se pondo é necessário subir por um caminho um pouco íngreme e cansativo. Como eu, Nay e pai demoramos um pouco mais para subir porque paramos para tirar fotos (que ficaram lindas) acabamos chegando ao topo depois do sol se pôr atrás das montanhas. Deu para ver um pouco ainda do espetáculo, juntamente com vários outros gringos com milhões de câmeras apontadas para o horizonte. E, do outro lado, o Licancabur continuava a nos acompanhar, imponente e rosado com o ar de fim de dia. Mais um dia no deserto que acabou.

Rumo ao Atacama! (parte I): San Pedro e Mina Chuquicamata

Ah! Já faz duas semanas e ainda não escrevi nada sobre a viagem ao Atacama que eu, Ná, Luna e pai  - e depois também Domingo – fizemos no começo de dezembro. É que nossos últimos dias no Chile foram dedicados às viagens que fizemos ao deserto e a La Serena, além das despedidas, e por essa razão não tive tempo de escrever até agora, que já estou no Brasil. Mesmo com o atraso, vale a pena ler sobre esse fantástico lugar chamado Atacama. São tantas as histórias que dividirei a viagem em três posts.

Chegamos ao deserto mais árido do mundo no dia 9 (quinta-feira) às 12h30, após um conturbado voo de Santiago a Calama. O avião, da Lan, sério, tremia demais! A decolagem e a aterrissagem foram terríveis, e para melhorar o piloto falava tão rápido que não dava de entender se dizia “vamos cair” ou “boa tarde”. Mas pela tranquilidade que os chilenos estavam ao escutá-lo acho que a segunda opção era mais válida. Aterrissamos.
Calama fica na Segunda Região, de Antofagasta, e possui cerca de 200 mil habitantes. Mas nosso destino não era exatamente este, e sim San Pedro de Atacama, à uma hora mais de distância por terra.  No próprio aeroporto reservamos um transfer que nos levou até nosso hostal.
Chegando em San Pedro é impossível não se surpreender com a quantidade de poeira e terra em tudo! Bom, no meio do deserto, como constatamos nos dias seguintes, é impossível se livrar da sujeira: melhor acostumar-se com ela. Ainda estávamos entrando em San Pedro, passando por várias casinhas simples e pequenas, quando o motorista falou: “Hostal Candelaria”. Achei que a Nayara e a Luna fossem ter um ataque.
- É aqui mesmo? Ele tem certeza? Isso não é uma favela?
Descemos do transfer e com as malas na mão batemos na porta. Dela saíram gatos e cachorros, como o Diego havia comentado que aconteceria, pois ele que recomendou este hostal. Mas, como os próximos dias nos mostraram, era mesmo um bom lugar para ficar.
Após fazer o check-in com Mirian, uma recepcionista local muito cuidadosa, tratamos de deixar as malas no quarto e passear pela cidade. Em 15 minutos de caminhada era possível estar no centro da cidade.Logo descobrimos que não era só a área onde estava nosso hostal que era ‘simples’: San Pedro inteira é feita de casas pequenas, de barro, todas da mesma cor da areia no deserto. Até nas ruas principais da cidade, como a Caracoles, onde sempre se acham muitos gringos europeus e asiáticos, sejam com seus notebooks na praça central ou passeando pela cidade com bicicletas alugadas.
Já na primeira noite no deserto resolvemos fazer o primeiro passeio: um tour astronômico. Isso porque estávamos em um dos lugares com a melhor visão celeste do mundo! Às 21h partiu um ônibus carregado de turistas para a visita a um observatório a céu aberto.
O céu atacameño é inenarrável. A partir das 21h, quando escurece, todo o céu fica pontilhado com trilhões  de estrelas, que brilham desde o horizonte até acima de nossas cabeças. É mágico. O guia do passeio ainda tinha nas mãos uma caneta laser, com a qual desenhava as constelações no céu, maravilhando japoneses, franceses, ingleses, americanos e nós, os brasileiros.
Após a visita, que durou duas horas e incluiu um chocolate-quente no final (lembrando que à noite o deserto  é extremamente frio), voltamos para San Pedro, onde uma surpresa nos esperava: o Domingo, que supostamente estava no Brasil, apareceu na porta de nosso hostal. Veio passar seu aniversário, que seria no dia seguinte, conosco.
Na sexta-feira, 10, acordamos às 9h e fomos para Calama. O Domingo resolveu incluir em nossos planos uma visita à mina de cobre de Chuquicamata, a maior mina do Chile e uma das maiores a céu aberto do mundo.
A visita durou perto de duas horas. Nela você recebe uma explicação sobre todo o processo de fabricação do cobre, além da visita ao mirador, que fica na beirada da mina. O único problema é que para entrar você precisa usar capacete, blusa de manga comprida e calça. E ninguém nos avisou. Para resolver a situação o guia nos emprestou calças dos trabalhadores de Chuquicamata. O único problema foi o tamanho das calças: 44. E usamos 38. Mas tudo bem, pois como diria a Luna, “tudo pelo cobre”.
Após a visita a Chuquicamata fomos também a uma cidadezinha chamada Chiu-chiu. O que fizemos lá?  Tiramos fotos da igreja e da Plaza de Armas, as únicas coisas que existem ali, haha. Pela noite voltamos para San Pedro, onde comemoramos o aniversário do Domingo em um restaurante com uma fogueira no centro e muito pisco, claro. Nesse dia dormimos cedo, pois resolvemos fazer um passeio aos gêiseres de Tatio às 4h da manhã do dia seguinte.  Mas isso já é tema para outro post.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Buena onda! Algumas das inúmeras gírias chilenas

Pois é. Dezembro chegou. Parece que no Chile o tempo passa rápido também. Foi ontem que chegamos aqui, com aquelas caras de assustados, no aeroporo de Santiago, um frio danado, e os três sem saber para onde olhar. Agora, depois de tantos dias, aulas, passeios, amigos, baladas, viagens, enfim dezembro, nosso último mês no Chile, chegou. Mas sem tristeza, pois nos últimos quatro meses vivemos intensamente e conhecemos muitas coisas novas.
Uma das coisas que mais aprendemos por aqui foram as expressões chilenas. É quase impossível não ouvir um ‘cachai’ (entende?) ainda no primeiro dia em Santiago. Algumas gírias são tão interessantes que resolvemos fazer um post só delas, para que vocês também conheçam. Aí vão algumas:

Weon: deriva da palavra ‘huevón’, e significa tanto ‘amigo’ como também pode ser um xingamento, depende do contexto;
Buena onda: legal, bom;
Mala onda: ruim, chato;
Cachai: entendes? Vem do verbo cachar, que significa ‘entender’ ou também ‘transar’;
Papita pal loro: mamão com açúcar;
Estar pal gato: estar mal;
Carrete: festa. Há também o verbo ‘carretear’, ou seja, festar;
Quiltro: cachorro de rua (o que tem muito por aqui);
Tomado, puesto, curado, ébrio, borracho: bêbado
Raja de curado: podre de bêbado;
Po: utilizado em quase todos os finais de frase, vem de ‘pues hombre’. Não acho uma tradução específica para o português, mas é só falar ‘po’ em qualquer frase que estará certo (haha);
Pololo (a): namorado;
Jote: urubu. Aqueles homens que ficam ‘caçando’ na balada;
Chelas: cerveja;
Flaite: pessoas de classe baixa (algo como nosso ‘favelado’);
Cuicos ou Peloláis: Pessoa de classe alta;
Bacan: legal

Bom, acho que com isso já dá de vocês conhecerem um pouco do que estamos ouvindo por aqui e se prepararem caso um dia venham ao Chile. Que estén bien!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Show do Black Eyed Peas no Chile - Check it out!

O Show do Black Eyed Peas em Santiago ocorreu no último dia 11, quinta-feira. A apresentação, que foi no Estádio Bicentenário de La Florida, durou aproximadamente duas horas e fez chilenos e estrangeiros pularem sem parar. Claro que no meio dessa bagunça não poderia faltar a presenças das gêmeas (ou seja, eu e a Ná). Juntamente com os amigos Fábio (Alemanha), Michel (BR), Bárbara (BR) e Talita (BR), pagamos 33 mil pesos (algo próximo a 120 reais) para assistir a passagem de ‘los Peas’ aqui no Chile.
O início do show estava previsto para as 21h. Assim, embarcamos no metrô às 18h45, para que desse tempo de chegar até La Florida (quase no outro lado da cidade) e entrar no estádio. Como compramos entradas para a ‘cancha general’ (pista geral), não tínhamos lugares reservados, e por esta razão fomos um pouco mais cedo.

Após um metrô e um ônibus – cheio de fãs do BEP, obviamente –, e de caminhar por uma rua onde centenas de pessoas vendiam bugigangas como fitas, braceletes e até canecas com imagens dos cantores, chegamos ao estádio. Conseguimos passar com uma câmera fotográfica, que entrou escondida no casaco do Michel.  Às 19h20 já estávamos na cancha, aguardando o começo do espetáculo.

Comprar comida em shows é sempre horrível, mas pagar mil pesos (quatro reais) em um copo pequeno com coca-cola quente foi demais. O Red Bull estava mais caro – dois mil pesos –, mas pelo menos estava gelado.

Após duas horas de espera, finalmente o show começou. No palco, Wiil.i.am, Fergie, Taboo e Apl cantam“Let’s get it started” em meio a uma chuva de luzes e efeitos especiais que parecem tocar na plateia. Realmente muito bem produzido.

Em seguida veio uma mistura de sucessos – e outros não tão sucessos – novos e antigos do grupo. “Rock That Body” e “Meet Me Halfway” deram continuidade ao show, e logo em seguida veio a famosíssima “Don’t Phunk With My Heart”, que Fergie cantou praticamente sozinha. Aliás, um dos destaques do show é a cantora, que a cada música parece ter cada vez menos roupas.

“Mas Que Nada” também foi tocada, para a alegria do grupo de brasileiros. O problema foi só o cenário escolhido pelo grupo para representar o Brasil: as favelas do Rio de Janeiro. Vergonha à parte, cantamos a música bem alta de qualquer jeito.

Em um dado momento do show, os integrantes do grupo fizeram apresentações individuais no palco, com um “Loading...” parecendo em um painel a cada vez que trocava de cantor. O último a se apresentar foi Will.i.am, em sua performance “I.Am.Robot”. O artista, vestido como um robô, assumiu a posição de DJ do show, e em um palco estilo espaço-nave tocou grande sucessos de outros artistas, como “Thriller” de Michael Jackson e “Other Side” de Red Hot Chili Peppers. Acho que foi uma das melhores partes do show.
Taboo, que fala espanhol, organizou um coro com o público para cantar o tradicional “Chi chi chi le le le, Viva Chile”. Claro que em certo momento, quando ele mencionou a palavra “Brasil” nós também começamos a berrar e pular. Coisa de brasileiros...

Mais próximo ao final do show tocou uma música que não esperava ouvir: “The dirty beat”. Como é ainda recente, não achei que fosse incluída na set list do show. E como a música é nova, poucos sabiam cantar, de forma que eu e a Ná chamamos atenção das pessoas ao nosso redor, pois sabíamos a letra inteira! Hahaha.
Por último ficou “I Gotta Feeling”, que fez o público pular loucamente enquanto seus ídolos saíam do palco. Não houve bis, como era de se presumir. O show faz o estilo “enlatado”, com músicas e comentários iguais em qualquer lugar. Mas valeu a pena para gastar muitas calorias, pular ao mesmo tempo que um batalhão de gente – e quase produzir um novo terremoto – e ver os efeitos especiais, que, na minha opinião, foi a parte que mais valeu a pena! Check it out!

* Imagem do site estrellas.cl

sábado, 20 de novembro de 2010

Último mês de Chi-chi-chi-le-le-le...

Sim, ontem caiu a nossa ficha: exatamente em um mês estaremos desembarcando novamente na nossa pátria amada, mãe gentil. Temos apenas mais trinta dias para aproveitar (loucamente) o país que tão bem nos acolheu nos últimos meses. E junto com o desespero para viver intensamente os próximos dias, já vai chegando a saudade...
Apenas três semanas após nossa chegada aqui, quando estávamos ainda nos habituando com o país e conhecendo novos amigos, uma das meninas intercambistas me disse: "Vai ser uma choradeira na hora de ir embora..." Desde aquele dia eu já venho me preparando para esse momento terrível. Eu nem tinha começado a viver as coisas que passei por aqui e esse medo já vinha me perseguindo. E agora, quanto menos dias faltam para o nosso regresso, maior é a minha tristeza.
Quando resolvi vir estudar no Chile eu nem imaginava o que poderia encontrar por aqui. Na verdade, até a véspera do meu embarque eu não tinha parado muito para pensar em como seria a minha "nova vida". Simplesmente saí do Aeroporto de Santiago e comecei a montar minha nova realidade do zero, sem ter que sobrepor qualquer imagem pré-concebida. E acredito hoje que assim foi mais fácil do que ter tentado prever qualquer coisa antes da hora.
As pessoas, os lugares, a comida, a língua! Tudo foi - e é - novidade para mim. Eu não podia pensar que faria tantas amizades aqui - muitas que pretendo cultivar para o resto da vida. O engraçado é que a maioria dos meus amigos eu fiz fora do Jornalismo (exceção para Basly y Toño). Conheci muita gente na moradia, por terceiros e nas aulas de vôlei.
A aprendizagem de viver fora do país é imensa. De fora você pode ver a sua vida como se estivesse do lado de fora de um aquário: os sentimentos ficam mais distantes, a visão de mundo se expande. Quando você está longe, aquilo que normalmente desejaria resolver na mesma hora pode ficar para a próxima semana, ou mês ou só para quando você retornar ao Brasil...
O planeta parece pequeno. Para quem nunca havia saído do Brasil como eu, descobrir que a apenas quatro horas de voo existe uma realidade totalmente diferente da nossa é uma loucura. No mundo de hoje, longe é realmente um lugar que não existe.
Bem, ao invés de ficar aqui na frente do computador divagando sobre meus últimos dias como "chilena", vou aproveitar meu precioso tempo aqui. Que mi último mes en Chile sea lo mejor de todos!

Titio Mika, o rei dos baixinhos

Viver em Santiago te permite ir a eventos que te custariam os olhos da cara no Brasil. Num desses happenings, o festival Santiago Urbano Electrónico (SUE), fui conferir o show de um dos caras coloridos mais bafão da Europa: Mika. Pianinhos anos 40, flores e gente fantasiada - tudo isso produzido numa festa... para crianças.

A balada foi no Espacio Riezgo, um lugar longe pra caralho de onde vivo. Depois de quase uma hora na fila e mais uma hora e meia de atraso - acredite, isso não é exclusividade do Brasil - uma cortina de flores desce no fundo do palco. Um piano colorido é colocado no cenário. Entram os músicos, vestidos com uma roupa clownesca, seguidos do Freddy Mercury juvenil, que já chegou chegando e saltitando com seu tênis purpurinado.

Antes de falar do show, cabe registrar: tinha MUITA criança lá. Havia me esquecido o quanto as letras do Mika eram pra cima, algo que atrai adolescentes e pequenos chileninhos. Foi bonitinho ver papais ajudando seus filhos a ver o show em seus ombros. Espero que esses chiquillos busquem as referências do Mika.

Voltando ao show, foi uma festa colorida, por assim dizer. Don Mika abre com a eletronica-Relaxa-e-Goza Relax, Take it Easy, seguida de Big Girls (com direito a um sapato inflável e pessoas fantasiadas dançando loucamente no meio do palco). Depois de mostrar o trabalho de seus dois álbuns, Life in Cartoon Motion e The Boy Who Knew too much, fechou o show com seus dois hinos: Grace Kelly (você não sabe o que é ouvir crianças com voz fina cantando “I COULD BE BROWN, I COULD BE BLUE...”) e Lollypop (batucada Timbalada com latões de lixo no início, dancinha coletiva com todo o staff do show no final).

Ele realmente sabe prender um público. Ainda mais uma galera mais jovem, que se dispersa com facilidade.

É uma pena eu não ter fotos, mas me recuso a chupar fotos alheias sem autorização. Mas se quiseres ver umas imagens, dá uma entradinha nesse blog aqui.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Chile con De y Sandra

Eu sei, eu seeeei! Faz tempo que o blog não é atualizado, assim como o meu facebook! Mas muitas coisas aconteceram nos últimos dias: do dia 30 de outubro a sete de novembro, o De (meu amor!) veio ao Chile me visitar com sua mãe – o que me tirou da frente do computador por oito dias –, depois tive que estudar para colocar tudo em dia (três provas na mesma semana?), além do show do Black Eyed Peas, a Oktoberfest chilena, a Po Brasil e a visita da nossa irmã Gabriela, que chegou na última sexta à noite. Assim, faz mais de duas semanas que não consigo sentar e escrever tranquilamente. Mas não vou reclamar, foram duas semanas inteeensas no Chile! =D

Bom, para começar, a chegada do Demian. Após minha volta da Oktoberfest em Malloco na sexta (29), acordei no sábado esperando a chegada dele e da Sandra. O voo deveria ter chegado às 14h, mas por alguns atrasos em Garulhos, acabaram descendo em Santiago só às 17h. Bom, uma hora a mais outra a menos para quem esperou três meses não é nada, né?  Após a chegada deles (uebaaaaa!) muitas coisas boas aconteceram, como viagens divertidas, passeios longos e jantares deliciosos!

Nos primeiros dias passeamos em Santiago, para que conhecessem o centro da cidade, Bellavista (onde fica a vida boêmia mais forte), o Cerro San Cristobal e outras coisas que a capital chilena pode nos oferecer. O calor estava de matar, mas ainda tinha neve nos Andes por causa da chuva na última sexta-feira.
Na terça-feira eu e o De fomos alugar um carro para fazer passeios por fora de Santiago. Revolvemos percorrer assim: terça ir a Valle Nevado, quarta a Viña Del Mar e Valparaiso e quinta ir a Isla Negra. E assim fizemos.

Valle Nevado ainda apresentou alguma neve, apesar no final da temporada de esqui. Após subirmos 2500 metros e mais de 60 caracóis (curvas bem fechadas e seguidas), chegamos ao topo. Lá pudemos tirar fotos na neve que ainda restava, e deu para se divertir com isso. As botas ficaram só barro das partes onde a neve já não existia, mas valeu o passeio!

Na quarta fomos a Viña, para conhecer um pouco do litoral. Viña e Valparaiso são como BC e Itajaí: cidades grudadas, mal dá de saber onde acaba uma e começa a outra. Passamos a tarde passeando pelas duas, e novamente consegui me perder um pouco nos cerros ‘favelados’ de Valparaiso. Já faz parte do passeio...

Quinta fomos a Isla Negra, onde fica uma das casas de Pablo Neruda (há outra em Santiago e outra em Valparaiso). Após ficarmos quase sem gasolina no meio do nada (o que quase me matou de medo), chegamos à pequena cidade, que, incrivelmente, apresentou um litoral mais bonito que o de Viña Del Mar. Visitamos a casa do poeta por dentro e por fora, e é um passeio extremamente recomendável a quem vem ao Chile. O lugar impressiona muito por sua beleza natural e por sua história... e nas padarias da cidade (que são poucas) é possível comer uma das melhores empanadas do Chile, na minha opinião.

Na sexta de manhã devolvemos o carro (o que foi um alívio em parte, já que dirigir em Santiago é um pesadelo, nos perdemos muitas vezes na cidade) e fomos passear na vinícola Concha y Toro de metrô (e bem felizes). Fizemos o passeio mais longo, que inclui degustação de queijos e vinhos e uma mini-aula com uma sommelière. Vale a pena para quem gosta de apreciar os vinhos. Após o passeio, fizemos algumas ‘comprinhas’ na loja da vinícola, onde acabei gastando um pouquinho a mais do que pretendia: comprei um Don Melchor, o melhor vinho da Conha y Toro. Quando vou abri-lo? Não sei...

Ah, ainda não falei dos jantares! Em uma das noites fomos ao Restaurante Giratório de Santiago, que fica em Providencia. O lugar é lindo, em uma hora você dá uma volta completa, com vista para o que há de melhor na cidade: os bairros mais ricos. A comida é ótima e não muito cara – já paguei o mesmo para comer bem pior em qualquer esquina.

Em uma das noites o De deu uma de chef e se meteu na cozinha de El Punto: fez farfales ao molho de cogumelos! Ficou ótimo, deu de matar um pouco da saudades de ‘comida caseira’, hahaha. Em outra noite foi a vez da Sandra, que fez um macarrão excelente! Comida de sogra também é sempre bem-vinda (o Outro que o diga! Hahaa).

A visita do meu amor acabou domingo de manhã, já que seu voo estava marcado para as 8h15. Assim, fomos eu e Outro levá-los ao aeroporto cedinho. A despedida foi um pouco triste, como sempre, mas não muito. Afinal, para quem esperou três meses, o que é só mais um mês?

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Diego e o Chile - uma semana frenética

Desde o dia 23 de outubro até ontem (31) eu estive 'fora de ar' por causa de um motivo muito especial: meu namorado (pololo, en chileno) Diego atravessou a cordilheira para passar 8 dias comigo no Chile. Vou contar um pouco dos passeios desenfreados que fizemos para que ele conseguisse conhecer o máximo do país, do povo e dos costumes chilenos.
Antes do Diego chegar aqui, eu fiz uma planilha com o itinerário turístico para a semana inteira. Selecionei os passeios que considerava mais interessantes e também elegi algumas coisas que não conhecia para que as desbravássemos juntos. Assim que ele desembarcou, deixamos nossas coisas no hostel em que nos hospedamos (a localização no centro da cidade e a proximidade com o metrô foram estratégicas para facilitar nosso deslocamento) e passeamos por Plaza de Armas e pelo Palácio de la Moneda. À noite, é claro, saímos em um bar em Bellavista, onde ele pode conhecer dois amigos meus de intercâmbio, Maicon e Giuliano. No primeiro dia o Di também aprendeu que deve-se tomar cuidado com os taxistas, que cobram a mais quando percebem que os clientes são estrangeiros. No dia seguinte fomos com a Lary ao Cerro San Cristoval, para poder ver a cidade de cima. Subimos em funicular, coisa que eu não tinha feito ainda. O dia de sol ajudou muito para que pudéssemos ver Santiago por inteiro. De noite nós dois e o Diego Outro fomos ao show do Greenday, que foi um espetáculo de 3h de duração. Nós três saímos emocionados no estádio, mas tivemos que encarar a volta para casa de ônibus, já que o metrô havia fechado. Na segunda feira eu quis que o Di conhecesse um pouco da minha realidade de intercambista, assim o levei para almoçar na USACH e depois para caminhar até El Punto e visitar o parque Quinta Normal, onde corro diariamente.
Na terça, fomos cedo para Viña del Mar, cidade litorânea, mas o tempo não colaborou muito conosco. Enquanto fazia muito calor na capital, estava frio na praia. Porém, nossa animação e as atrações de Vinã não impediram que aproveitássemos muito o dia. No final da tarde voltamos para o calor de Santiago e compramos vinhos no supermercado - eu não podia deixar que o Diego perdesse o baixo preço dos maravilhosos vinhos chilenos. O dia seguinte foi de muito sol, e nossa excursão passou por um passeio no Barrio Paris Londres (que eu não conhecia), uma subida no Cerro Santa Lucía, um almoço no Mercado Central e um passeio com direito a descanso na grama do Parque O'Higgins. Ufa! E a noite seguiu animada: esquenta em El Punto com meus amigos daqui e de intercâmbio e balada na Miércoles Po (a festa dos estrangeiros). Finalmente o Diego conheceu a festa da qual eu falava todas as semanas e pode comprovar que muitas coisas engraçadas são verdade...
Após o 'carrete', acordamos 10h para ir com o Outro à vinícola da Concha y Toro - maior produtora de vinhos do país -fazer um passeio de meia hora para conhecer a vinícola. O percurso para chegar lá demora mais que o passeio em si, e para a minha decepção não andamos pelas vinhas... Mas o Di se esbaldou na loja de vinhos e levou 4 garrafas de volta para o Brasil. À noite havíamos programado um jantar romântico no famoso Restaurante Giratório, mas antes fomos provar o terremoto (bebida típica daqui) da Piojera, um bar tradicional de Santiago. Lá, Di conheceu dois amigos queridos meus, Diego Basly e Pablo. Após beber um pouco - o suficiente para ficar levemente tonta - fomos ao restaurante. Nos primeiros minutos rezei para não ficar enjoada, mas depois que me acostumei e que o efeito alcólico passou, a noite ficou perfeita. De lá é possível ver a cidade inteira, tem música ao vivo no piano e a comida é maravilhosa. Sobre a companhia nem preciso falar nada... Fica a dica para os casais e até mesmo para os que queiram desfrutar um bom jantar com uma vista espetacular. Nessa noite choveu e fez frio, o que fez reaparecer neve nos Andes! Eu fiquei muito feliz, porque achei que o Di não veria a linda imagem dos picos nevados, mas a mudança repentina do clima colaborou conosco! ^^ Outro fato que me divertiu muitos foram as tentativas do Diego de falar espanhol. Mas ele chegou já arrasando: no nosso primeiro lanche no Mac Donalds ele pediu 'servilletas, por favor' (guardanapo) para o garçom. Eu demorei dois meses para descobrir como falava isso!
Sexta foi dia de Oktoberfest chilena! Sim, mesmo não estando no sul do Brasil, a gente curtiu as marchinhas alemãs e muita cerveja! Lá o Diego também pode conhecer o Toño, meu colega do jornalismo daqui. Passamos o dia bebendo e nos sentindo em Blumenau, e à noite tentamos conhecer uns museus que, segundo o Outro estaríam abertos para uma programação especial, mas ao chegarmos lá dois deles estavam fechados. Fomos para o hotel descansar, já que o dia seginte seria de muitas compras no shopping. O Di quis passar seu último dia aqui aproveitando os preços baixos das roupas no Chile. Estivemos das 12h às 20h em um imenso shopping na estação Mirador (dica do Basly) só fazendo compras. "Nay, o que está por R$120 aqui seriam R$250 no Brasil!" Com um argumento assim não dá para discutir, doutor Diego. Após nossa overdose consumista - claro que ganhei alguns mimos - nosso desafio era atravessar 10 estações do metrô com 15 bolsas de compras nas mãos e chegarmos vivos no hostel. Missão cumprida! Depois disso saímos com Lary e seu pololo, Demian, que havia recém chegado no país também. Enquanto um chegava o outro ia embora. Domingo ao meio-dia levei o Di ao aeroporto, exatamente onde começou nossa semana de aventuras foi a nossa triste despedida. Agora, só no final de dezembro...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Parques, parques!

Uma das minhas grandes descobertas em Santiago é que parques públicos são excelentes destinos para a prática de exercícios e para passar o tempo! O que falta tanto em Floripa e em Joinville, tem aos montes por aqui. Ontem cheguei à conclusão de que preferia trocar algumas praias da Ilha de SC por uns parques! Perto na nossa casa aqui tem o Parque Quinta Normal, onde há vários museus, brinquedos para crianças, espaço para exercícios ao ar livre e inclusive o campus de Medicina da U. de Chile. Diariamente eu e Lary corremos lá, um lugar extremamente central e seguro - de dia, pelo menos.
Neste último final de semana não saímos de parques. Sábado, eu, Lary, Outro e Javier fomos fazer um piquenique no Parque O'Higgins (já fiz um post em agosto sobre o lugar). O dia estava ensolarado, então liberamos nossas crianças interiores e corremos para os balanços, gangorras e escorregadores! Depois, sentamos na grama e descansamos: jogamos cruzadinha em espanhol, encontramos uma joaninha no chão, corremos atrás do Javier (que jogou grama no meu cabelo), comemos sanduíches e simplesmente ficamos deitados curtindo aquele momento tranquilo. Como curtimos a experiência, domingo resolvemos ir ao Quinta Normal jogar volêi. Compramos um bola e nos encontramos com Javier e um colega de faculdade. Depois se juntaram a nós Outro, Lenilson, Maicon e Bruno. Além de vôlei, jogamos um jogo que não lembro o nome, mas que cada pessoa escolhe um país e, quando tem seu nome chamado, corre atrás da bola e tenta acertar o amigo mais próximo. Quem olhasse não acreditaria que aquelas pessoas todas estão na universidade. Hahaha.
Esses foram mais uns daqueles momentos que eu considero impagáveis e apenas proporcionados pela existência destes lugares maravilhosos!

domingo, 17 de outubro de 2010

Amigos chilenos

Tem uma coisa que não falamos até agora no blog, mas que acho importante escrever, até como uma forma de homenagem: sobre os nossos amigos chilenos. Sim, porque desde que chegamos em Santiago, muitas pessoas nos acolheram e nos ajudaram a nos ambientar e conhecer alguns detalhes do dia-a-dia chileno.  Entre eles, alguns nomes se destacaram, e acho interessante que vocês também saibam quem são eles:

-Domingo: certamente o nome mais importante da lista! O Domingo, grande amigo do nosso pai há mais de três décadas (eles se conheceram em um mochilão pela América Latina e desde então mantêm contato), é como se fosse o nosso ‘pai chileno’. Foi ele quem nos buscou no aeroporto no dia 10 de agosto, quando recém tínhamos pisado em terras chilenas, e até hoje nos liga diariamente para saber como estamos. Don Domingo (el mendocino) é uma pessoa ‘muy amable’, que não mede esforços para nos ajudar e nos explicar sobre os costumes e peculiaridades chilenas. Foi também com ele que viajamos ao sul do Chile (Valdivia, Puerto Montt e Chiloé), uma viagem inesquecível junto com seus filhos Francisca e Nacho.

-Nacho: filho do Domingo e, agora, nosso amigo também. Como dizem nossos pais, eu, Nay e Nacho iremos seguir a amizade que começou na geração deles, tornando possível uma boa relação entre Chile e Brasil. O Nacho mora em Valdivia, cidade ao sul de Chile, mas mesmo assim conversamos muito pela internet. Ele é muito bom com o português e já sabe usar ‘graus bons’, ‘graus maus’, ‘chocolate-quente’ e ‘coca-cola light’ como ninguém! Uma companhia agradável e muito divertida! (Kryzpo, te echo de menos!)

- Toño: Incrivelmente, foi o primeiro aluno de Jornalismo com o qual tivemos contato. E o que mais se aproximou de nós. Essa figura já nos ensinou muitas coisas sobre o Chile, como carretes (baladas), cervejas e peculiaridades do presidente chileno (sinônimos, sinônimos, sinônimos). Sempre disposto a passear conosco, nos apresentou lugares lindos da cidade, como o cerro Santa Lucía e a rua Manuel Montt, onde ficam ótimos bares. Certamente é o nosso guia turístico – e também fonte de informação sobre as paralisações que ocorrem no Jornalismo.

Diego Basly e Pablo: Sempre juntos, essa dupla é ótima para sair à noite e ter muitas conversas agradáveis. Companheiros de Miércoles Po, nos ajudam sempre que precisamos para escapar de ‘chicos locos’ (You’re from California, right?). Muito simpáticos, viraram com facilidade amigos de vários intercambistas brasileiros – eles já foram para o Brasil e até conheceram a cidade das laranjas em São Paulo (por quêee?). Sempre muito educados, são ótima companhia para ir a
qualquer lugar (precisamos ir a La Piojeraaaa!). Esperamos os dois em Floripa ano que vem!!!!

- Javier: O conhecemos nas aulas de vôlei, mas agora virou nosso companheiro de ‘tentativas’ de entrar em La Piojera, passeios pelo parque e de algumas cervejas. Talvez de todos seja o mais empolgado em aprender expressões brasileiras (já encheu uma folha com elas). Essa pessoa ‘fominha’ no vôlei é generosa em nos tirar dúvidas sobre o espanhol e ajudar a escapar de seus colegas loucos da engenharia nas festas na USACH.



Chicos, gracias por todo que ya hicieron por nosotras. La compañía de ustedes hace nuestra vida en Chile ser mucho más entretenida!!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Feriado em Santiago

Dia 11 de outubro foi feriado aqui no Chile. Na verdade, o dia de descanso é em outra data, ainda desconhecida por nós (projetos de jornalistas também têm o direito de não descobrir algumas coisas), mas tivemos a folga na segunda-feira. Aproveitamos para passear com amigos e descobrir mais novidades em Santiago! Saímos de El Punto eu, Lary e Lenilson (mineiro que comparte quarto com o Outro) com a intenção de irmos à La Piojera, um bar de menor prestígio, mas conhecido por ter o melhor terremoto* da cidade. (*bebida feita com vinho pipeño, sorvete de abacaxi e fernet). Pela segunda vez demos com a cara na porta, estava fechado. Assim, nos juntamos com nosso amigo chileno Toño, do jornalismo, e fomos dar uma volta pelo Mercado Central. Lá, graças ao Toño, provamos pela primeira vez a Chirimoya, fruta chilena com polpa branca, mole e doce que agradou a todos. Depois fomos ao setor de pescados para a Lary tirar umas fotos e descobrimos que o Lenilson não suporta cheiro de peixe! Como queríamos compensar o fato de o bar estar fechado, fomos até Bellavista (estilo Lagoa de Florianópolis, onde estão concentrados vários bares e casas noturnas) beber alguma coisa e aproveitar a tarde de sol. Nosso amigo Javier, que joga voley comigo e Lary na USACH, nos ligou e juntou-se a nós. A tarde foi muito divertida, compartilhamos o prazer que brasileiros e chilenos têm de falar mal de argentinos (hahah), aprendemos gírias locais e, como é de costume, tiramos algumas dúvidas de vocabulário dos chilenos que escutaram funk quando essa pérola brasileira fez sucesso por aqui. "O que é tchutchuca?"- eis uma das frases que mais escuto no Chile.
Ficamos no bar até as 19h, depois eu e Lary tínhamos um compromisso com o Domingo: iríamos a um restaurante japonês. A novidade por aqui é sushi com palta! Sim, com abacate! O que parece muito comum aos chilenos, comer abacate com sal, cebola e outras comidas salgadas, nos parece algo do outro mundo. Poucos brasileiros tiveram coragem de experimentar - e gostar - da palta. Imaginem a minha surpresa ao ver um sushi enrolado em abacate! Vou fechar o post com a frase que está virando meu bordão aqui: Coisas que só o Chile pode te oferecer...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Va al paraiso - A caça aos mil tambores

Aos que não sabem, estamos desde sexta-feira à noite sem internet na residência universitária El Punto. Uma hora bastante adequada para isso acontecer, já que é nos finais de semana que o pessoal tira para conversar melhor com pais, namorados e amigos. Sem internet disponível, o melhor, na minha cabeça, seria inventar alguma coisa bem diferente para fazer com os outros intercambistas. Porém, não poderíamos imaginar a roubada em que a falta de acesso à rede nos meteria...
Sábado de manhã eu e a Nay acordamos com a ideia de irmos a Valparaiso, um balneário famoso perto da capital, para ver um tal de ‘Festival dos mil tambores’ que alguns amigos comentaram que aconteceria à noite na praia. Assim, sem poder verificar qualquer informação extra na web, arrumamos as mochilas e fomos bater de porta em porta atrás de companhia. Após alguns convites conseguimos juntar oito pessoas para a aventura: eu, Nay, Bárbara, Bruno, Karina, Maicon, Kiemi e Talita. E então fomos.
As passagens saíram bastante baratas: dois mil pesos o trajeto, o que dá aproximadamente R$ 8 por uma viagem de 1h50 (sendo que de Joinville a Floripa, que é a mesma distância, pago quase R$ 40!). Chegamos a Valparaiso às 17h e totalmente perdidos. O primeiro passo foi comprar a passagem de volta para às 5h20 da madrugada seguinte (para podermos aproveitar o festival), arranjar um mapa da cidade e pedir informação sobre os tais mil tambores.
Lição número um: nunca confie em um valparaiseño. Eles sempre te darão informações erradas. Já na rodoviária nos mandaram pegar um ônibus e descer no meio de um morro que parecia uma favela manezinha. E sem nada de tambores. Após pedirmos informações em algumas lojas, nos falaram para descer até a orla e procurar uma tal de ‘praça Violeta Parra’. No meio do percurso encontramos nossas amigas argentinas Mili, Laura e Andrea e também a Drieli, de SP. Nos juntamos na busca pelos tambores e pela tal da praça.
Decidimos pegar mais um ônibus, e após conversarmos com quase todas as pessoas – e ninguém conhecer a bendita praça – descemos em outro morro, perto de Playa Ancha, onde alguns diziam que teria uma festa. Enfim chegamos à praia, onde encontramos TRÊS tambores em meio a um grupo de jovens que estavam reunidos no local. Conversamos com um deles e, pelo nos disse, o desfile de tambores teria sido da sexta-feira! Após quase chorarmos, ele nos consolou dizendo que havia uma festa perto dali, mas que teríamos que pegar mais um ônibus para chegar lá. Sem muito o que fazer, já que nossa volta a Santiago seria de madrugada, resolvemos segui-los até o local.
Antes disso, como estávamos na praia, resolvemos molhar as mãos nas geladas águas do Pacífico. Claro que o nosso amigo sem noção, Maicon, tinha que aprontar alguma ‘brincadeira’ e me jogou no chão para encher meus cabelos de areia. Claro que os outros 10 correram atrás dele para jogarem-no na areia também (obrigada pela vingança, amigos!).
Após nosso terceiro ônibus chegamos à festa, que era literalmente um circo: uma lona armada com música cirquense, um pouco de malabarismo e gente muito doida. Já entramos com medo do local, e para ficar na ‘vibe’ do pessoal compramos cinco garrafas de pisco. Mesmo após terminá-las não nos ambientamos e decidimos ir para outro lugar.
Nós tínhamos um problema: ainda era meia-noite e não sabíamos para onde ir. Uns chilenos resolveram nos ajudar e após MAIS UM ÔNIBUS chegamos a um rua perto da orla onde havia uns barzinhos. O problema é que eram caros e a maioria de nós já estava cansada de tanto subir e descer morros. Após uma pequena discussão resolvemos ir para o terminal, onde poderíamos dormir enquanto o ônibus não chegava.
Tomamos um táxi até o terminal e, ao chegarmos lá, mais uma surpresa: o terminal estava fechado e só abriria às 5h. A essa altura a Nay disse que nossa noite dos tambores tinha virado a ‘noite dos horrores’. Estávamos com frio e cansados, e para melhorar um gari veio nos avisar que aquela zona era muito perigosa e que tínhamos que sair dali ‘o mais rápido possível’. Tentamos entrar no primeiro bar que vimos, mas ele estava fechando. O desespero já era tanto que tentamos negociar um quarto em um motel. Duas horas para 12 pessoas! Hahahaha! Mesmo após alguma insistência, não nos deixaram entrar, então continuamos à procura de um bar.
Achamos um não muito longe, onde só tinha pessoas mais velhas e uma nuvem de marijuana em nossas cabeças – havia gente vendendo droga no banheiro, para terem uma noção do local. Nosso cansaço era tanto os 12 praticamente dormiram na mesa até às 5h. Nunca os outros clientes do bar viram um grupo de jovens tão desanimados! Hahaha!
Às 5h deixamos o bar e voltamos para o terminal, que estava abrindo. O ônibus partiu para Santiago às 5h25, e viemos todos dormindo até a capital. Chegamos aqui às 7h10 e fomos direto para casa dormir.
Brincamos que Valparaiso é na verdade ‘va al paraiso’, porque certamente não era ali. Na verdade, a cidade é linda e tem muitos lugares interessantes para conhecer. Mas, como concluímos, o nosso grande problema foi a falta de internet na El Punto. Da próxima vez ou checamos melhor a informação antes de viajar sem rumo, ou ficamos em casa mesmo.

Laryssa D'Alama

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Produtos baratos no Chile

Como comentado no último post, escrito pela Nayara ontem, o departamento de Periodismo da USACH está em ‘paro’ para apoiar a causa Mapuche. Segundo alguns alunos, é provável que o paro continue até pelo menos quinta-feira. Sem aulas e sem provas, o jeito é sair para fazer compras!
Ontem fizemos uma compra bem singela. Eu comprei uma blusa, a Ná, um sapato, e o Lenilson (mineiro que divide quarto com o Outro) comprou um tênis também. Meu objetivo hoje não é fofocar de nossas compras, mas, sim, alertar a todos que um dia pretendem vir para o Chile: venham de mala vazia, porque muita coisa é barata aqui.
A começar pela minha melhor – e mais barata – descoberta: os vinhos! O país das vinícolas Concha y Toro, Tarapacá, Cono sur, Viña Maipo, Terranoble e tantas outras não poderia me deixar mais feliz. Um ‘vinhozinho’ mais simples, tipo Exportação da Concha y Toro, você encontra nos mercados por aproximadamente R$4. Sim, QUATRO reais. Um casillero del Diablo, que em Floripa em pago R$30 – na promoção – , aqui eu acho por R$14. Isso sem dizer outras bebidas que são baratas aqui, como os destilados. O pisco, uma aguardente de uva típica daqui, também tem um preço agradável: por R$5 reais você compra uma garrafa em qualquer mercado.
Deixando o comentário ‘alcoólico’ de lado, outras coisas também são baratas aqui, como as roupas. Blusas, calças, casacos, sandálias, botas, sapatos, tudo é incrivelmente barato aqui. E as roupas de marca também. Um All Star, que no Brasil paguei (ou melhor, o Demian pagou, já que era meu aniversário) R$70, aqui eu achei por R$40. E o mesmo modelo! Um verdadeiro paraíso para as mulheres. Amanhã mesmo, se não tivermos aula, irei ‘renovar’ meu guarda-roupa.
Ah, mas só para não parecer que tudo é um mar de rosas, confessarei: a comida aqui é cara. Queijo mesmo, nem sei mais o que é! Fora as coisas que não existem no Chile, como farinha de mandioca, farofa pronta, Nescau e lingüiça fininha. Para achar um pedaço de bacon é um parto. Mas, para compensar, uma coisa que eu adoro é baratíssima aqui: cogumelos! Uma bandeja de champignones custa nem R$3!!!  Nem preciso dizer que vivo comendo cogumelos por aqui.
Bom, por enquanto é isso. Agora aguardaremos notícias da faculdade para saber quando as aulas recomeçam, e esperamos que ainda essa semana...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Os inúmeros paros da USACH

O nosso blog, como muitos perceberam, estava desatualizado há uma semana. O motivo é digno: nossos três aspirantes a jornalistas passaram a última semana estudando para uma prova e duas sessões de exercícios práticos que teríamos esta semana. Agora, porém, a uma hora do segundo round de prática de redação e a um dia da prova de Historia de la cultura, recebemos a notícia de que a escuela de periodismo da Universidade de Santiago do Chile entrou novamente em paralisação. Observem, por favor, as fotos que expressam toda a revolta de nossos bravos estudiosos.
Laryssa, que entrou na UFSC em 2007.2, passou no mesmo semestre por um curto período de greve na universidade, porém que não afetou nenhuma aula. Eu e Outro, que chegamos em 2008.1, corremos o risco de parar no Guiness por não termos enfrentando nenhuma greve até agora, no nosso terceiro ano de curso. Entretanto, ao deixarmos nossa amada terrinha para aumentar nossos conhecimentos e expandir nossas mentes no Chile já enfrentamos mais de três paros repentinos por aqui, em um mês de aula! Os estudantes simplesmente resolvem em assembleia que vão paralisar as atividades para apoiar (claro) determinadas causas sociais para que as aulas sejam canceladas por um ou dois dias. Detalhe que nem sempre somos avisados disso.
Agora estamos aguardando resposta para sabermos quando teremos reiniciadas nossas atividades. Enquanto isso devemos aproveitar para comprar roupas (que aqui são mais baratas), beber vinho e comer vááárias empanadas para compensar a nossa indignação.
Saudades da UFSC!!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Missão iniciada!

Na viagem ao sul do Chile eu e Lary demos os primeiros passos para cumprir uma missão pessoal que começou quando tínhamos 17 anos - e que deve durar o resto de nossas vidas. Quando adolescentes começamos a pedir para amigos, parentes e conhecidos que fossem ao exterior para nos trazerem pedrinhas, sementes, etc, dos países por onde viajassem. Assim começamos uma coleção de souvenirs naturais das mais diversas procedências: Espanha, Canadá, Teahupoo, França, Austrália... e Chile. Porém, nossa coleção tem um diferencial, pois nosso objetivo é devolver cada um dos itens ao seu lugar de origem. Assim, temos a ‘obrigação’ de viajar para estes lugares e finalizar nossa missão. Antes de virmos para o Chile, lembramo-nos que tínhamos uma concha e uma pedra daqui, e as trouxemos na bagagem torcendo para poder devolvê-las. Na viagem ao sul que fizemos com Domingo e seus filhos Nacho e Franscisca fomos justamente até a lha de Chiloé, a maior do país, de onde a nossa concha foi tirada e levada ao Brasil há mais de cinco anos. Assim, muito felizes, pudemos deixá-la novamente nas águas do Pacífico! Claro que nossos amigos chilenos participaram do momento e tiramos fotos e gravamos a cerimônia. Para nossa felicidade, ‘tio’ Domingo gostou da nossa missão e resolveu que nos ajudaria, assim no dia seguinte, quando voltávamos do sul para Santiago, ele desviou da estrada e fomos até o vulcão Villarrica devolver uma pedra tirada de seu sopé. O lugar é lindo, uma viagem realmente aconselhável para quem viajar pelo país. Procuramos um local por onde a lava do vulcão houvesse passado para deixarmos nossa pedra, que era de origem vulcânica. Novamente em um momento cerimonial deixamos o segundo item da nossa coleção. Ainda nos faltam muitos, mas os primeiros passos foram dados!