quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Produtos baratos no Chile

Como comentado no último post, escrito pela Nayara ontem, o departamento de Periodismo da USACH está em ‘paro’ para apoiar a causa Mapuche. Segundo alguns alunos, é provável que o paro continue até pelo menos quinta-feira. Sem aulas e sem provas, o jeito é sair para fazer compras!
Ontem fizemos uma compra bem singela. Eu comprei uma blusa, a Ná, um sapato, e o Lenilson (mineiro que divide quarto com o Outro) comprou um tênis também. Meu objetivo hoje não é fofocar de nossas compras, mas, sim, alertar a todos que um dia pretendem vir para o Chile: venham de mala vazia, porque muita coisa é barata aqui.
A começar pela minha melhor – e mais barata – descoberta: os vinhos! O país das vinícolas Concha y Toro, Tarapacá, Cono sur, Viña Maipo, Terranoble e tantas outras não poderia me deixar mais feliz. Um ‘vinhozinho’ mais simples, tipo Exportação da Concha y Toro, você encontra nos mercados por aproximadamente R$4. Sim, QUATRO reais. Um casillero del Diablo, que em Floripa em pago R$30 – na promoção – , aqui eu acho por R$14. Isso sem dizer outras bebidas que são baratas aqui, como os destilados. O pisco, uma aguardente de uva típica daqui, também tem um preço agradável: por R$5 reais você compra uma garrafa em qualquer mercado.
Deixando o comentário ‘alcoólico’ de lado, outras coisas também são baratas aqui, como as roupas. Blusas, calças, casacos, sandálias, botas, sapatos, tudo é incrivelmente barato aqui. E as roupas de marca também. Um All Star, que no Brasil paguei (ou melhor, o Demian pagou, já que era meu aniversário) R$70, aqui eu achei por R$40. E o mesmo modelo! Um verdadeiro paraíso para as mulheres. Amanhã mesmo, se não tivermos aula, irei ‘renovar’ meu guarda-roupa.
Ah, mas só para não parecer que tudo é um mar de rosas, confessarei: a comida aqui é cara. Queijo mesmo, nem sei mais o que é! Fora as coisas que não existem no Chile, como farinha de mandioca, farofa pronta, Nescau e lingüiça fininha. Para achar um pedaço de bacon é um parto. Mas, para compensar, uma coisa que eu adoro é baratíssima aqui: cogumelos! Uma bandeja de champignones custa nem R$3!!!  Nem preciso dizer que vivo comendo cogumelos por aqui.
Bom, por enquanto é isso. Agora aguardaremos notícias da faculdade para saber quando as aulas recomeçam, e esperamos que ainda essa semana...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Os inúmeros paros da USACH

O nosso blog, como muitos perceberam, estava desatualizado há uma semana. O motivo é digno: nossos três aspirantes a jornalistas passaram a última semana estudando para uma prova e duas sessões de exercícios práticos que teríamos esta semana. Agora, porém, a uma hora do segundo round de prática de redação e a um dia da prova de Historia de la cultura, recebemos a notícia de que a escuela de periodismo da Universidade de Santiago do Chile entrou novamente em paralisação. Observem, por favor, as fotos que expressam toda a revolta de nossos bravos estudiosos.
Laryssa, que entrou na UFSC em 2007.2, passou no mesmo semestre por um curto período de greve na universidade, porém que não afetou nenhuma aula. Eu e Outro, que chegamos em 2008.1, corremos o risco de parar no Guiness por não termos enfrentando nenhuma greve até agora, no nosso terceiro ano de curso. Entretanto, ao deixarmos nossa amada terrinha para aumentar nossos conhecimentos e expandir nossas mentes no Chile já enfrentamos mais de três paros repentinos por aqui, em um mês de aula! Os estudantes simplesmente resolvem em assembleia que vão paralisar as atividades para apoiar (claro) determinadas causas sociais para que as aulas sejam canceladas por um ou dois dias. Detalhe que nem sempre somos avisados disso.
Agora estamos aguardando resposta para sabermos quando teremos reiniciadas nossas atividades. Enquanto isso devemos aproveitar para comprar roupas (que aqui são mais baratas), beber vinho e comer vááárias empanadas para compensar a nossa indignação.
Saudades da UFSC!!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Missão iniciada!

Na viagem ao sul do Chile eu e Lary demos os primeiros passos para cumprir uma missão pessoal que começou quando tínhamos 17 anos - e que deve durar o resto de nossas vidas. Quando adolescentes começamos a pedir para amigos, parentes e conhecidos que fossem ao exterior para nos trazerem pedrinhas, sementes, etc, dos países por onde viajassem. Assim começamos uma coleção de souvenirs naturais das mais diversas procedências: Espanha, Canadá, Teahupoo, França, Austrália... e Chile. Porém, nossa coleção tem um diferencial, pois nosso objetivo é devolver cada um dos itens ao seu lugar de origem. Assim, temos a ‘obrigação’ de viajar para estes lugares e finalizar nossa missão. Antes de virmos para o Chile, lembramo-nos que tínhamos uma concha e uma pedra daqui, e as trouxemos na bagagem torcendo para poder devolvê-las. Na viagem ao sul que fizemos com Domingo e seus filhos Nacho e Franscisca fomos justamente até a lha de Chiloé, a maior do país, de onde a nossa concha foi tirada e levada ao Brasil há mais de cinco anos. Assim, muito felizes, pudemos deixá-la novamente nas águas do Pacífico! Claro que nossos amigos chilenos participaram do momento e tiramos fotos e gravamos a cerimônia. Para nossa felicidade, ‘tio’ Domingo gostou da nossa missão e resolveu que nos ajudaria, assim no dia seguinte, quando voltávamos do sul para Santiago, ele desviou da estrada e fomos até o vulcão Villarrica devolver uma pedra tirada de seu sopé. O lugar é lindo, uma viagem realmente aconselhável para quem viajar pelo país. Procuramos um local por onde a lava do vulcão houvesse passado para deixarmos nossa pedra, que era de origem vulcânica. Novamente em um momento cerimonial deixamos o segundo item da nossa coleção. Ainda nos faltam muitos, mas os primeiros passos foram dados!

domingo, 19 de setembro de 2010

Viagem para o sul do Chile! =D

Hola desde Puerto Montt! Estou escrevendo este post, mas sei que não será publicado agora – aliás, nem sei quando o publicarei – porque estamos em um lugar sem internet nem sinal telefônico. Sim, isso que é aventura!! Hahahaha!
É possível que este texto fique um pouco comprido porque há muito a contar, mas, bem, ninguém é obrigado a ler até o final, né?
No momento que escrevo são 20h46 do dia 18 – o dia do Bicentenário da independência chilena, o que faz o país todo parecer o Brasil em final de Copa! Há bandeiras por todos os lados, e ainda dizem alguns chilenos que há menos bandeiras que nos anos anteriores por consequência do terremoto, que tirou o ânimo de alguns para comemorar.
A viagem começou na manhã de quinta-feira (16), quando eu, Nayara e Domingo fomos de carro de Santiago até Valdivia, que fica mais ou menos 800 km ao sul. Saímos da capital ao meio-dia e chegamos ao nosso destino às 22h30. Em Valdivia moram os dois filhos do Domingo, Nacho e Francisca. Quando chegamos à cidade só o Nacho estava em casa, e, mesmo cansados das 12 horas na estrada, o buscamos e fomos jantar na Cerveceria Kuntsman, que fabrica algumas das melhores bebidas do país.
O lugar é lindo, e a cerveja é realmente fantástica. Para acompanhar os choppes pedimos um hambúrguer que veio com palta - pasta de abacate com sal, super típico aqui no Chile. A Nayara tirou toda palta de seu prato, enquanto que eu fiz um esforço para engoli-la. Consegui com ajuda de outro chopp.
No dia seguinte Valdivia amanheceu gelada, mas com sol. Após o café fomos passear pela cidade, que se mostrou muito encantadora. Para começar vimos lobos marinhos. Sim, há vários deles nadando livremente pelos rios que cortam a cidade, e pelo que dizem os moradores, são animais tranquilos.
Passeando pelo mercado de pescados, que fica na beira do rio Calle Calle, vimos como é a convivência entre eles e os humanos: na parte de trás do mercado, vários lobos e aves esperam por pedaços de peixes e moluscos. É impressionante e realmente lindo. Totalmente diferente das coisas que vemos no Brasil.
Do outro lado do rio fica a Universidad Austral de Chile (UACH), onde o Nacho e a Francisca estudam. A UACH fica numa ilha chamada  Isla Teja,  sempre rodeada por lobos marinhos.
Após o passeio pelo centro de Valdivia, fomos a Los Molinos conhecer o oceano Pacífico. Deu até de entender por quê ele leva esse nome: não tinha uma ondinha, parecia sim uma grande lagoa. Almoçamos em um restaurante de frente para o mar, onde comi a melhor merluza ao molho branco e camarões da minha vida. “Muy rica”, como dizem aqui.
No final da tarde voltamos à casa do Nacho, onde eu e Nay preparamos um salmão (12 reais o quilo do filé, morram) com molho de alcaparras e vinagrete. Após uma pequena ligação ao Brasil para pedir uma ‘ajuda gastromônica’ ao meu pololo, Demian, conseguimos preparar o prato, que, sem exageros, ficou delicioso!
Para o dia ficar completo, só faltava uma coisa: conhecer a night valdiviana. Assim, após o jantar, eu, Nay e Nacho saímos para ‘carretear’, ou seja, festar. Após algumas voltas por alguns bares nos juntamos com o colega de faculdade de Nacho, o Aldo, e fomos então na Casona Verde, uma boate grande que já estava cheia antes da meia-noite. Bebemos cerveja Escudo (uma Brahma daqui, porém lager) e conversamos muito – e sempre em espanhol.
Depois fomos para a pista que tocava reggaeton (moda chilena há seis anos), mas logo cansamos e fomos comer um cachorro-quente (parece que não só no Brasil existe essa tradição pós-carrete). Chegamos em casa às 5h30 e fomos dormir imediatamente, porque no dia seguinte continuaríamos nossa viagem rumo a Puerto Montt.
Após cinco horas não muito bem dormidas, acordamos com o Domingo nos apressando para irmos a Puerto Montt (mais uns 200 km ao sul). Nessa manhã chegou em Valdivia a Francisca, que se juntou ao nosso grupo para viajar um pouco mais ao sul chileno.
Chegamos ao nosso destino perto das 15h. Para pernoitarmos, a Francisca reservou uma cabana em uma área mais rural da cidade. O lugar é lindo, totalmente bucólico e charmoso, e, como disse no começo do post, sem internet nem sinal telefônico. Deixamos nossas coisas na casa e fomos ao centro da cidade comer pescados em um restaurante que fica à beira de um rio, onde os barcos chegam com peixes frescos.
Foi ali que comi pela primeira vez na minha vida a centolla, uma espécie de caranguejo gigante que dá nas águas chilenas. Pedi um ‘pastel de centolla’, que é uma espécie de bolo. Estava muito gostoso.
Após passearmos pela cidade voltamos para a cabana, onde estamos agora. Amanhã vamos a Chiloé, uma ilha ainda mais ao sul. Quando tiver mais notícias, escrevo!!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

“Never stop believing, dreams do come true”

Esta quarta-feira, 15 de setembro, foi mais do que especial para mim e Nayara: o Yanni, compositor grego de música contemporânea, veio fazer um show aqui em Santiago. É inenarrável explicar o que é ver o seu ídolo de infância na sua frente, a pouquíssimos metros!! Ainda mais um compositor como o Yanni, que incrivelmente só sabe fazer músicas perfeitas...

Chegamos à Arena Movistar, no Parque O’Higgins, às 20h19. Essa hora ainda estava um tanto vazio, e fomos alertadas que, mesmo sendo numeradas, as cadeiras poderiam ser eleitas aleatoriamente. Assim conseguimos escolher uma posição melhor do que a que compramos =D.

Ainda na espera nos demos conta de um desastre: a pilha de nossa câmera fotográfica estava descarregada, de modo que não conseguimos tirar nenhuma foto! Mas a tristeza foi logo mandada embora pelas luzes do palco, que acenderam quase que exatamente às 21h. E para começar em grandiosíssimo estilo, a primeira música da noite foi “Santorini”, a mesma que abriu o show na Acrópolis em 1994. Imagina a emoção...

Quando o Yanni entrou a plateia inteira levantou. Minha irmã Rejane saberá o que direi agora: sim, ele passa o show inteiro mexendo os cabelos e se empolgando com os solos dos demais integrantes da banda. Uma coisa é ver isso em um DVD, outra é ao vivo... Claro que eu e Ná berramos várias vezes, não tinha como se conter.

Todos os seus maiores sucessos foram tocados: Until the Last Moment, Aria, Nostalgia, The Rain Must Fall, e outras. As melhores partes são os solos – as músicas do Yanni são sempre cheias deles, ele sabe valorizar os ótimos músicos que o acompanham. Inenarrável.

Em um determinado momento do show, o Yanni, sempre falando em inglês, disse para a plateia: “Never stop believing, dreams do come true”. É verdade, Yanni. Our dream came true.

domingo, 12 de setembro de 2010

Atividades culturais nas Festas Pátrias – Bicentenário do Chile

Nesta próxima semana não teremos aula na USACH por causa da semana das festas pátrias. Este é um ano bastante especial para o Chile: próximo dia 18 comemora-se o Bicentenário da independência do país, e já estão todos em clima de festa. O Outro se mandou para uma viagem ao sul, e eu e Lary temos até quinta-feira (quando vamos visitar nosso amigo Nacho em Valdivia) para aproveitar em Santiago!
O final de semana foi de muita atividade cultural. Começamos o passeio por Plaza de Armas, onde pudemos sentar um pouco para ver o movimento do local que foi fundado como centro cívico do país no século XVI. Além das pombas, há vários artistas que dançam, cantam e fazem shows ao ar livre. A uma quadra de distância fica o Museu de Arte Pré-colombiana, onde se pode admirar várias estátuas e objetos dos povos que habitaram o continente antes da chegada dos europeus. A exposição é maravilhosa, não se vê o tempo passar lá dentro.
Não foi possível sair à noite este final de semana. Ontem (11) foi aniversário do golpe militar do Pinochet, e muitos chilenos nos recomendaram que não ficássemos fora da residência depois do final da tarde. Disseram-nos que na nossa região costuma haver corte de luz nesta data e brigas na rua. Não soube de nada, mas meu colega chileno Antonio disse que perto de sua casa, que está um pouco afastada do centro, houve problemas como estes... De qualquer modo, a noite do pessoal foi na cozinha do El Punto.
Após uma curta noite de sono, acordamos e fomos ver a cerimônia de troca da guarda no Palacio de la Moneda. Os militares fizeram uma apresentação de 40 minutos para um grupo de turistas (obviamente a maioria era de brasileiros) com direito a banda, cavalos, etc.
À tarde fomos ao Museu de la Memoria y Derechos Humanos, que fica na esquina de casa, ver uma exposição sobre o golpe militar e os anos da ditadura. A exposição é bastante forte e mostra o sofrimento de muitos que viveram 13 anos sob o comando do general Pinochet. Fotografias de mortos e desaparecidos, cartas escritas por crianças para seus pais presos, objetos e relatos de tortura dão o panorama do clima de repressão da época. O museu conta com mesas de vídeo e áudio interativas que podem ser utilizadas individualmente. O programa é bastante recomendável!
A semana de férias nem começou, e essas foram nossas atividades até então!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Dia na neve

No domingo (5) reunimos um grupo de 24 pessoas que vivem na El Punto para conhecer uma atração turística um taaanto afastada do centro de Santiago: El Cajón de Maipo. A região, que fica a 60 km da capital, tem cordilheiras nevadas e rios onde se pode praticar montanhismo, rafting, trekking, e outros esportes radicais. Também há campings para quem deseja passar um dia ou mais perto da belíssima paisagem natural.
Passado o sufoco de levantar às 8h (após ter ido dormir às 4h30, já que havia ido a uma festa para comemorar independência do Brasil aqui em Santiago), iniciamos a pequena viagem até nosso destino: tomamos a linha verde do metrô até o final, fizemos conexão com a linha azul, seguimos até a penúltima estação, e depois pegamos mais uns 40 minutos de ônibus. E não era um ônibus qualquer, era um trem da morte! O motorista dirigia absurdamente rápido e a estrada fica na beira de um abismo de onde se pode ver um rio lááá embaixo. A soneca que eu pretendia tirar no trajeto virou um sonho impossível.
Meio-dia chegamos no Cajón. A semana havia sido bastante fria aqui, e o pessoal se espantou com o calor que fazia no local. Após cobrirmos nossas cabeças com cachecóis e o que mais tivesse disponível, andamos por uma pequena estrada para procurar onde faríamos uma pausa para o piquenique. Pagamos 400 pesos (perto de R$ 1,50) para entrar em um local onde havia espaço para acampar e começamos a subir a montanha. Encontramos um lugar sob a sombra de árvores para descansar e comer os sanduíches com patê de peru e cenoura que o pessoal preparou para a excursão. Também tinha sucos e maça verde para a sobremesa!
Feito o lanche, decidimos subir até onde havia neve, já que muitos nunca haviam visto neve ou apenas poucas vezes. Quando chegamos onde o chão ficou branco, foi uma festa. Jogamos bolas de neves uns nos outros, escorregamos, afundamos o pé no gelo, tiramos vááárias fotos! Claro que o sem noção do Maicon (outro catarina em terras chilenas) começou a jogar bolas de neve enormes em todo mundo, então unimos nossas forças para acertá-lo, e eu mandei uma bem na cabeça dele! Nosso amigo Outro entrou em uma sacola plástica grande e se aventurou em brincar de escorregar na neve. Desceu a montanha em alta velocidade, mas por sorte, ainda está entre nós.
Eu tentei fazer um boneco de neve, mas as minhas mãos estavam queimadas do frio (“Já dava de senti-las... queimando”, como diria o Giuliano). Então avistei um boneco pronto perto de onde estávamos e fomos para lá bater fotos e fingir que a obra era nossa! Ficamos mais de uma hora brincando feito crianças: eu comi neve para saber qual era o sabor, os guris enterraram uma garrafa no chão de suco para gelar e teve gente tirando foto deitado na neve (Micheeel).
Às 4h, quando eu já estava morta, fomos embora, mas o ônibus só passou novamente as 5h e ainda haviam duas conexões de metrô. Cheguei em casa perto das 8h. Um passeio bastante cansativo, mas muito bonito e divertido. Recomendo!