quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Rumo ao Atacama! (parte II): Gêiseres Del Tatio e Laguna Cejar

Se um dia você for ao Atacama e resolver sair de casa antes do amanhecer, lembre-se: coloque todas as roupas possíveis no corpo. Isso porque, apesar de você estar no deserto, a temperatura durante a noite chega ao negativo. Nós, por exemplo, sentimos a agradável temperatura de seis graus negativos. Fresquinho.
O ônibus que veio nos buscar chegou às 4h, e às 6h chegamos aos gêiseres. Lá ficamos uma hora inteira passeando entre a fumaça que saia do chão enquanto o guia – que resolveu que casaria com uma brasileira após nos conhecer, hahaha – explicava o fenômeno. É preciso estar preparado para aguentar o frio, repito. O Domingo, mesmo sendo chileno e estando mais acostumado ao frio, quase congelou as mãos porque não levou luvas. A Luna precisou emprestar as dela para ele conseguir voltar a mexer os dedos.
Depois de um breve chocolate-quente fomos a uma terma que ficava por ali mesmo. O guia recomendou a todos que estivessem com frio a entrar na água, pois estava bem quente, mas eu, Nay e Luna não tivemos coragem de entrar, pois sabíamos que quando saíssemos d’água a temperatura continuaria baixa. Esse pensamento não se estendeu aos demais e logo o pai, Domingo, japoneses, franceses, alemães e espanhóis estavam todos mergulhados nas cálidas águas da terma. O máximo que fiz foi esquentar – ou melhor, queimar – meus pés na beirada.
A terceira parte do passeio foi uma visita a Machuca, um povoado com apenas sete habitantes. Sim, eu digitei certo: sete. Nessa vila viviam mais pessoas, mas a população jovem começou a procurar outros lugares para viver. Hoje os moradores se revezam para manter o povoado, e a cada ano um grupo é responsável por viver ali, no meio do deserto, com poucos companheiros. Hoje a sobrevivência deles é praticamente o turismo: todos param ali para provar o anticucho de llama (espetinho de gato de lhama), vendido a 1800 pesos (como sete reais!!) e para tirar fotos de uma simpática velhinha vestida com roupas típicas e acompanhada por uma pequena lhama, que cobrava 1000 pesos (quatro reais!!!) por três fotos.
Voltamos para o hostal perto do meio-dia.  Ainda nos sobrava a tarde inteira para passear, e dessa vez resolvemos ir com o carro que o Domingo alugou até a Laguna Cejar, um dos lugares mais lindo do Atacama.
A Laguna Cejar fica simplesmente no meio do nada. É perto de San Pedro, mas a estrada é tão mal sinalizada que praticamente abrimos uma nova trilha para chegar até lá. Mas vale muito a pena: do nada, no meio da areia e do sal (estamos no Salar do Atacama), surge uma lagoa de águas douradas, que refleteo sol escaldante do deserto.
A melhor parte é entrar na água: você não afunda! Como é uma lagoa com uma concentração muito grande de sal é impossível colocar os pés no chão, como no Mar Morto. É assim ficamos: boiando, naquela água gelada que veio super bem a calhar em uma tarde de 40 graus, e admirando lá longe o vulcão Licancabur, o maior nas redondezas. Um dos melhores momentos da viagem.
Para fechar com chave de ouro fomos ver o pôr do sol no Valle de la Luna, um dos lugares mais famosos do Atacama. Chegamos lá um pouco antes do pôr do sol. Para ver o sol se pondo é necessário subir por um caminho um pouco íngreme e cansativo. Como eu, Nay e pai demoramos um pouco mais para subir porque paramos para tirar fotos (que ficaram lindas) acabamos chegando ao topo depois do sol se pôr atrás das montanhas. Deu para ver um pouco ainda do espetáculo, juntamente com vários outros gringos com milhões de câmeras apontadas para o horizonte. E, do outro lado, o Licancabur continuava a nos acompanhar, imponente e rosado com o ar de fim de dia. Mais um dia no deserto que acabou.

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