segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Va al paraiso - A caça aos mil tambores

Aos que não sabem, estamos desde sexta-feira à noite sem internet na residência universitária El Punto. Uma hora bastante adequada para isso acontecer, já que é nos finais de semana que o pessoal tira para conversar melhor com pais, namorados e amigos. Sem internet disponível, o melhor, na minha cabeça, seria inventar alguma coisa bem diferente para fazer com os outros intercambistas. Porém, não poderíamos imaginar a roubada em que a falta de acesso à rede nos meteria...
Sábado de manhã eu e a Nay acordamos com a ideia de irmos a Valparaiso, um balneário famoso perto da capital, para ver um tal de ‘Festival dos mil tambores’ que alguns amigos comentaram que aconteceria à noite na praia. Assim, sem poder verificar qualquer informação extra na web, arrumamos as mochilas e fomos bater de porta em porta atrás de companhia. Após alguns convites conseguimos juntar oito pessoas para a aventura: eu, Nay, Bárbara, Bruno, Karina, Maicon, Kiemi e Talita. E então fomos.
As passagens saíram bastante baratas: dois mil pesos o trajeto, o que dá aproximadamente R$ 8 por uma viagem de 1h50 (sendo que de Joinville a Floripa, que é a mesma distância, pago quase R$ 40!). Chegamos a Valparaiso às 17h e totalmente perdidos. O primeiro passo foi comprar a passagem de volta para às 5h20 da madrugada seguinte (para podermos aproveitar o festival), arranjar um mapa da cidade e pedir informação sobre os tais mil tambores.
Lição número um: nunca confie em um valparaiseño. Eles sempre te darão informações erradas. Já na rodoviária nos mandaram pegar um ônibus e descer no meio de um morro que parecia uma favela manezinha. E sem nada de tambores. Após pedirmos informações em algumas lojas, nos falaram para descer até a orla e procurar uma tal de ‘praça Violeta Parra’. No meio do percurso encontramos nossas amigas argentinas Mili, Laura e Andrea e também a Drieli, de SP. Nos juntamos na busca pelos tambores e pela tal da praça.
Decidimos pegar mais um ônibus, e após conversarmos com quase todas as pessoas – e ninguém conhecer a bendita praça – descemos em outro morro, perto de Playa Ancha, onde alguns diziam que teria uma festa. Enfim chegamos à praia, onde encontramos TRÊS tambores em meio a um grupo de jovens que estavam reunidos no local. Conversamos com um deles e, pelo nos disse, o desfile de tambores teria sido da sexta-feira! Após quase chorarmos, ele nos consolou dizendo que havia uma festa perto dali, mas que teríamos que pegar mais um ônibus para chegar lá. Sem muito o que fazer, já que nossa volta a Santiago seria de madrugada, resolvemos segui-los até o local.
Antes disso, como estávamos na praia, resolvemos molhar as mãos nas geladas águas do Pacífico. Claro que o nosso amigo sem noção, Maicon, tinha que aprontar alguma ‘brincadeira’ e me jogou no chão para encher meus cabelos de areia. Claro que os outros 10 correram atrás dele para jogarem-no na areia também (obrigada pela vingança, amigos!).
Após nosso terceiro ônibus chegamos à festa, que era literalmente um circo: uma lona armada com música cirquense, um pouco de malabarismo e gente muito doida. Já entramos com medo do local, e para ficar na ‘vibe’ do pessoal compramos cinco garrafas de pisco. Mesmo após terminá-las não nos ambientamos e decidimos ir para outro lugar.
Nós tínhamos um problema: ainda era meia-noite e não sabíamos para onde ir. Uns chilenos resolveram nos ajudar e após MAIS UM ÔNIBUS chegamos a um rua perto da orla onde havia uns barzinhos. O problema é que eram caros e a maioria de nós já estava cansada de tanto subir e descer morros. Após uma pequena discussão resolvemos ir para o terminal, onde poderíamos dormir enquanto o ônibus não chegava.
Tomamos um táxi até o terminal e, ao chegarmos lá, mais uma surpresa: o terminal estava fechado e só abriria às 5h. A essa altura a Nay disse que nossa noite dos tambores tinha virado a ‘noite dos horrores’. Estávamos com frio e cansados, e para melhorar um gari veio nos avisar que aquela zona era muito perigosa e que tínhamos que sair dali ‘o mais rápido possível’. Tentamos entrar no primeiro bar que vimos, mas ele estava fechando. O desespero já era tanto que tentamos negociar um quarto em um motel. Duas horas para 12 pessoas! Hahahaha! Mesmo após alguma insistência, não nos deixaram entrar, então continuamos à procura de um bar.
Achamos um não muito longe, onde só tinha pessoas mais velhas e uma nuvem de marijuana em nossas cabeças – havia gente vendendo droga no banheiro, para terem uma noção do local. Nosso cansaço era tanto os 12 praticamente dormiram na mesa até às 5h. Nunca os outros clientes do bar viram um grupo de jovens tão desanimados! Hahaha!
Às 5h deixamos o bar e voltamos para o terminal, que estava abrindo. O ônibus partiu para Santiago às 5h25, e viemos todos dormindo até a capital. Chegamos aqui às 7h10 e fomos direto para casa dormir.
Brincamos que Valparaiso é na verdade ‘va al paraiso’, porque certamente não era ali. Na verdade, a cidade é linda e tem muitos lugares interessantes para conhecer. Mas, como concluímos, o nosso grande problema foi a falta de internet na El Punto. Da próxima vez ou checamos melhor a informação antes de viajar sem rumo, ou ficamos em casa mesmo.

Laryssa D'Alama

Nenhum comentário:

Postar um comentário