quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Confieso que he vivido

Acho importante um post para marcar o final de nossa ‘vida chilena’. Ele está um pouco atrasado, eu sei, mas depois que você volta é tantas pessoas a ver e coisas a fazer que você deixa algumas coisas de lado. Agora é hora de dizer: eu morei no Chile... e amei.
Os detalhes dos últimos dois dias em Santiago já estão relatados no post na Nay, abaixo. Assim não contarei o que fiz, mas o que senti.
Pessoalmente acho que do trio Lary-Nay-Outro fui a que mais sofreu com o final do intercâmbio. Amei o Chile com todas as forças, seu sul, seu norte, seu litoral, sua capital. Jamais imaginei que este país me surpreenderia tanto e de formas tão distintas.
Havia me acostumado com minha rotina chilena: acordar e ver a cordilheira da minha janela. Tomar café falando em português, espanhol ou às vezes em inglês. Caminhar pela Matucana e fazer carinho no gato da casa 70. Jogar vôlei na quadra da U. Almoçar com os amigos no casino. Correr pela tarde no parque Quinta Normal. Me divertir em Bellavista ou no quarto 301. Fazer festas na cozinha. Às vezes estudar e escrever informes surreais para as aulas de Historia de la Cultura.
Tudo isso fez a despedida doer: o que será de minha vida sem o Chile? Essa dúvida, que não era só minha e também de outros amigos que fiz lá fora, faz você sentir aquele frio na barriga, que me acompanhou até o embarque no avião. E enquanto tentava esquecer um pouco disso resolvi ficar ao máximo perto de meus amigos.
A última noite chegou, e com ela muita alegria e muita tristeza. Alegria por voltar para casa e poder ver meus amados no Brasil. Por haver tido a oportunidade de morar fora. Por ter conhecido lugares e pessoas incríveis. E tristeza por ter que deixar isso para trás.
Às 4h30 de domingo fomos ao aeroporto, e no táxi vi pela última vez Santiago, cidade que tanto amei. Fui me despedindo em silêncio dos lugares por onde passava, esperando um dia voltar para revê-los.
Então, em um momento, pensei: “Mas o que vou deixar para trás? Nada ficará para trás, tudo vai comigo.” Como me disse um amigo horas antes de eu embarcar, “los recuerdos de Chile guardalos dentro de tu corazón”. E foi o que resolvi fazer.
Após um abraço caloroso em cada amigo que fiz, embarquei para o Brasil. E por fim viajei feliz, e satisfeita por tudo que vivi do outro lado da Cordilheira. O Chile agora vive em meu coração, e cada vez que a saudade bate penso “que bom que tive a oportunidade de estar lá”. Como diria Neruda, o grande poeta chileno, “confieso que he vivido”.

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