La Chascona
No sopé do Cerro San Cristobal, o principal morro do centro
de Santiago, um ponto turístico passa despercebido pela maioria dos visitantes
da cidade. O zoológico, o funicular e a estátua da Virgem presentes no local
chamam mais atenção do que a construção que se esconde atrás de um muro pintado
com vários desenhos multicoloridos.
Dois anos mais
tarde, o poeta mudou-se para lá e batizou o lar de La
Chascona (em português, despenteada), em referência aos volumosos
cabelos ruivos da dona da casa. Outras homenagens a esse amor estão disfarçadas
pelos ambientes. Na grade de uma janela há ferros em forma de P (Pablo) e M
(Matilde), formando um desenho que seria uma meia-lua
sobre o mar. Na sala de estar, há um quadro do mexicano Diego Riviera chamado “La
Medusa”, onde Matilde aparece pintada com duas cabeças. Um observador mais
atento pode ver o perfil de Neruda entre as mechas de seus cabelos.
Por estar em uma
colina, La Chascona tem vários níveis conectados por
escadas. A sala de estar e o quarto principal estão em um edifício separado do ambiente
em que ficam o escritório de Matilde e a sala de jantar. Já a biblioteca está afastada
em um plano mais alto do jardim. Talvez para cortar caminhos ou apenas dar
um ar mais fantástico à casa, Neruda construiu uma
passagem secreta. Atrás de uma parede na sala de jantar, esconde-se uma escada
em caracol que sobe até o escritório da mulher amada.
A casa que nasceu para abrigar seu amor também foi cenário do
velório do poeta. Apenas poucos dias após a tomada do governo pelos militares e
a morte de seu amigo Salvador Allende, em 1973, o poeta morreu de câncer –
versão que até hoje é questionada. Muitos falam que, na verdade, ele,
esquerdista convicto, não aguentou ver a difícil situação de seu país e morreu
de tristeza. Um duro golpe para o Chile. Depois disso, sua casa foi saqueada e
danificada, mas Matilde a reconstruiu.
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