sábado, 28 de agosto de 2010

A boa arte de abrir um vinho

É sábado, dia 28 de agosto, e estamos eu, Nayara e Outro no El Punto bebendo vinho branco Concha y Toro por seis reais e comendo peixe à milanesa. Com uma coca-cola na mão, brincamos que faremos ‘cuba de vinho’ no quarto mais tarde, mas na verdade vamos só rir e terminar a garrafa de vinho tinho (1,5 litro) que compramos ontem também por seis reais.

O que torna isso um novo post é o que se passou na cozinha da casa enquanto ainda elaborávamos nosso jantar. Eis que, enquanto eu fazia o arroz e a Nayara preparava o vinagrete, o Outro decidiu abrir a garrafa do vinho branco. Com pose de machão, pega a garrafa e anda pela cozinha procurando um abridor. É aqui que começam as gargalhadas.

Primeiro pelo seguinte fato: não tem abridor na cozinha. E o único abridor que tínhamos em mente estava no meu quarto guardado a sete chaves para somente – e somente – ser usado nem caso de emergência. Motivo: meu pai que me deu, então não é coisa boa. Trata-se de abridor comprado em Mendoza de um boneco de gaúcho com o saca-rolhas saindo, digamos, da calça dele. Subi no meu quarto, peguei o tal boneco e joguei em cima do Outro sem que ninguém percebe-se o que se passava.

Acontece que o que era para ser discreto virou o maior problema: a rolha não queria sair por nada deste mundo. Mesmo comigo segurando o vinho no chão e o Outro puxando o abridor para cima todo esforço foi em vão. Até que, em dado momento, aconteceu o pior: a rolha partiu ao meio.

Em um momento de fúria, enquanto toda sua força estava concentrada nas mãos que tentavam por tudo abrir a garrafa, o Outro olha para o céu e berra: 'Mas como é que eu vou abrir uma garrafa de vinho com o pinto de um gaúchooooo???!!!'

Não me aguentando mais de rir, fui cuidar das panelas e deixei o Outro encarregado de ajeitar a situação. Eis que o Outro entrega os pontos e pede para o Wagner, outro brasileiro, tentar abrir a garrafa. A parte mais fantástica é ver que o Wagner, sem dar atenção para a garrafa e continuando sua piada sem sequer interrompê-la, abriu a garrafa em menos de cinco segundos.

Com a garrafa na mão, o melhor foi comer o peixe e beber o vinho sem comentar o acontecido. Hahahaha!

Conservador, pero no mucho

Jovens se pegando forte no jardim e proibição de cerva “em via pública” mostram uma Santiago que não sabe se vai ou se fica

Foto: weru2k/Creative Commons

A primeira recomendação que a funcionária da USACH Andréa dá aos estrangeiros é triste, porém real: “Não bebam na rua, vocês podem ser presos”. Quem dá a dica é alguém que já fez intercâmbio para o Brasil - “fui seis meses para Floripa e não queria mais voltar!” - e conheceu o hábito verde-amarelo de reunir os amigos na rua para uma breja. “Mas que país conservador!”, bradam alguns brasileiros ao saber da lei local. Esse é só o início, meu amigo: no Chile, hábitos mais pudicos convivem com (pequenos) rompantes de rebeldia e revelações noturnas.

Beber en las calles chilenas é uma das regras que podem assustar os novatos. Um dos residentes da Residencia Universitária El Punto teve que aprender isso na marra: dia de sol, piscina, nada mais natural que ir até a venda da esquina sem camisa comprar uma cervejinha. Os carabineros (policiais chilenos) abordaram o jovem e pediram pra colocar uma camisa e jogar a latinha no lixo. “Eles vêem que você é brasileiro e já explicam: ‘no teu país pode, aqui é diferente...’, sabe?”. Mesmo com a vigia policial, mostrar os mamilos em praça pública assusta um pouco o povo. “Uma vez sai sem camisa na rua e o povo ficava me olhando estranho - ‘o que esse cara tá fazendo, porra?’”.

Jardim da USACH: ninho de amor dos pombinhos chilenos

Conservadorismo ou forma de manter a ordem, pra quem acha que é viagem minha dou a palavra à Isabel Allende. Em seu livro Meu Pais Inventado, a chileníssima dedica um capítulo inteiro ao conservadorismo do povo de las Cordilleras. A camisa e a bebida não chegam a ser assustadores, mas algumas implicâncias podem te deixar perplexo. Um exemplo recente foi a retirada do livro Enciclopédia integral del sexo dos colégios chilenos, sob a alegação que “tocava o tema da sexualidade de maneira inadequada”.

Se a sexualidade é retirada das escolas, a Universidad é um bom lugar pra ela... aflorar. Em todas as minhas caminhadas pela USACH, é raro não encontrar um casal na grama dando uns bons amassos. Mas são bons MESMO, de assustar qualquer brasileirinho do interior de Santa Catarina. Além de ser um local propício para (supostas) liberdades de pensamentos, a Universidade é um bom lugar para liberar-se. Pelo menos por lá, durante as noites, os estudantes bebem nos gramados...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

As noites em Santiago

No último final de semana saímos para conhecer e ver “qual é” a da noite santiaguense. Sexta-feira, eu e Lary fomos com o pessoal da moradia a uma balada de salsa e reggaeton, e no sábado o Outro reforçou o time para curtir uma noite brasileira supostamente embalada por forró (já explico).
A primeira saída foi cheia de novidades para mim, a começar pelo alto preço da tequila: quase R$ 12! Depois que todos os brasileiros e argentinos do grupo viraram uma dose para ajudar a desinibir e liberar o rebolado, fomos para a pista. O ritmo é muito animado, mas um tanto complicado para aprender a dançar. Por sorte, nossas colegas argentinas dominam melhor o assunto e nos auxiliaram a mover os quadris de acordo com a música. Certa hora um dançarino começou a agitar na frente da banda e todo o bar começou a imitar seus movimentos, numa coreografia relativamente sincronizada – não fosse o fracasso dos brasileiros que não acertavam o passo. Porém, o que nos falta em ritmo, nos sobra em empolgação! Éramos os que mais pulavam, gritavam e riam na festa. Após duas horas em movimentos frenéticos sem sentar descansar, fui convidada por um chileno para dançar. Como vi que o rapaz entendia do negócio, aceitei. Dançando de dupla pude perceber que alguns passos da salsa se parecem com o do forró. Descobri também que é possível dançar reggaeton a dois! Afinal, o ritmo que não para de tocar nas rádios de Santiago (sempre com a mesma batida de fundo) é um som bastante divertido para a balada.
Na volta para casa comprovei o que havia lido em alguns diários de viagem: taxistas exploram sim quem tem sotaque estrangeiro. A corrida para casa, que não era um percurso muito longo, saiu por 7500 pesos (R$ 30). Na ida o preço foi 5000 pesos (R$ 20), o que já havíamos considerado caro.
No sábado, optamos por um bar que oferecia uma noite brasileira com forró. Tocou de tudo: pagode, samba, axé, Rap das Armas (que faz muito sucesso por aqui) e, esporadicamente, forró. Mas para quem não ouve música nacional há algum tempo, o que viesse era lucro. Eu, que nunca havia saído no Brasil para dançar samba e pagode, dei uma de rainha da bateria. Parece muita pretensão, mas em uma festa onde estrangeiros não conseguem mexer os pés rapidamente ao mesmo tempo em que chacoalham as cadeiras acho que posso me conceder o título. O pior é que samba é muito difícil de ensinar. Tentei mostrar como são os passos para argentinas, mas creio que não obtive sucesso. O auge da noite foi quando um dançarino de axé à la Xanddy subiu no palco e começou a dançar para a galera acompanhar. Está aí uma coisa que nunca tinha feito no Brasil e deixei para experimentar do outro lado dos Andes. Não sei se minha falta de coordenação ou de noção de direita e esquerda me atrapalharam, mas considerei a missão humanamente impossível.
A noite foi muito divertida, quase não parei de dançar e consegui matar um pouco a saudade de casa.

Nayara D'Alama

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Patinação no gelo

No sábado passado (21) Santiago amanheceu com o céu azul (o que não é novidade por aqui, o difícil é cair uma chuva). Eu e a Nayara acordamos às 12h10 com o Outro batendo na porta de nosso quarto. Como ele não havia ido à festa cubana que nós duas e mais algumas pessoas de El Punto fomos na sexta à noite, estava com disposição para passear pela cidade. Com um dia bonito lá fora seria desperdício ficar em casa, então decidimos levantar.
Na mesa do café encontramos com outros estudantes e começamos a decidir o que faríamos de nossa tarde de sábado. O Domingo, nosso amigo chileno, nos ligou para recomendar um passeio em Los Dominicos, onde teria uma feira, mas alguém sugeriu uma patinação no gelo no Mall Parque Arauco, um shopping gigante localizado em Las Condes, o bairro rico da cidade. Como bons brasileiros que nunca viram neve antes, patinar no gelo pareceu uma opção mais tentadora.
A Nayara, cansada de tanto bailar salsa, ficou em casa descansando. Eu e o Outro nos juntamos a mais alguns brasileiros e três argentinas para mais uma aventura pela cidade. Após um metrô e um ônibus chegamos ao nosso destino.
A pista de patinação fica dentro no mall - como chamam os shoppings aqui, e a pronuncia é como ‘mól’, enfatizando o ‘L’ no céu da boca. Nos cobraram 3.150 pesos (pouco mais de 12 reais) por uma hora de patinação. Com os patins – bem apertados - nos pés, era hora de se equilibrar e entrar na pista.
Juro que achei que seria mais difícil, mas é como andar de roller (lembra da época que esses patins viraram febre no Brasil?). Como eu andava muito de roller quando pequena, foi mais uma forma de apenas ‘relembrar’ como se patina. Já para o Outro, foi uma verdadeira aula de iniciantes. “Eu era uma criança nerd, jogava videogame enquanto vocês patinavam”, alega. Dos 60 minutos que tínhamos direito a ficar na pista, uns 40 ele ficou encostado na barra, tentando andar apoiado nela e tendo que desviar das criancinhas que faziam o mesmo, hahaha.
Os demais conseguiram andar com um pouco mais de coordenação – desconfio que todos tiveram rollers quando pequenos. O Fernando, um mineiro que também veio de intercâmbio, até arriscou dar uns pulinhos no gelo. Já a Mili, uma das argentinas, desafiava todo mundo com corridas pela pista.
A patinação foi muito divertida, e nos últimos 10 minutos o Outro resolveu tentar passear pelo centro da pista. Demos umas três voltas e logo tivemos que sair porque nosso tempo acabou.
Adorei a experiência e recomendou a todos. Mas fica a dica: quem puder, treine com roller antes.

sábado, 21 de agosto de 2010

Zoológico de Santiago

Após quase uma hora buscando num guia turístico o que faríamos na tarde da sexta (20), optamos por conhecer quais novidades da fauna local poderíamos encontrar no zoológico da capital. Na entrada do lugar, mesmo não tendo carteirinhas de estudantes locais, o vendedor nos deixou pagar meio ticket, o que foi negado a nossa colega de intercâmbio alemã que entrou logo após a gente. Não entendemos o motivo, mas pensamos se isso poderia ser causado pela simpatia dos chilenos com os brasileiros.
O zoológico fica na encosta de uma subida e está dividido em patamares separados por lances de escadas. Demos mais uma mancada de turistas chegando logo após a hora do almoço e quase caímos para trás ao ver o que teríamos que escalas. Mas fomos persistentes e encaramos mais esta aventura.
Nas primeiras celas vimos animais que costumamos ver em zoológicos de qualquer país: macacos, emas, gatos selvagens, flamingos. O passeio começou a ficar mais interessante quando chegamos às lhamas, animaizinhos simpáticos e peludos parecidos com camelos que vivem na região andina da América do Sul.
Na gaiola da frente pude ver pela primeira vez o condor andino. Havia visto muitas estátuas e pinturas da ave no Chile e Argentina e então pude entender o motivo desta adoração. O condor é realmente grande e majestoso. O único exemplar que divide espaço com várias águias as faz parecerem patinhos feios. Claro que a Lary e o Outro não deixaram de fazer os comentários mais engraçados: “Rapaz, olha o ‘pechugón’ dele! Imagina a janta que isso não daria!”
Na parte mais alta do zoo vimos um camelo assustadoramente gigante e peludo! Para registrar nosso espanto tiramos fotos com ele! (Mais uma para a mãe do Outro).
Pouco antes de irmos embora achamos um laguinho com dois cisnes, onde tivemos que esperar por dez minutos que a Lary conseguisse registrar um coração formado pelos pescoços das aves. A foto não saiu perfeita, mas nossa aspirante a repórter ficou satisfeita.

Nayara D’Alama

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Vida de universitário, afinal

Desde que passei em Jornalismo na UFSC e tive que me mudar de Joinville para Floripa minha forma de viver mudou muito. Aprender a se virar sozinha, fazer comida e estar na universidade nos faz crescer de várias formas, mas mesmo assim, tenho a impressão que “vida de universitário” mesmo terei aqui no Chile. Explico.
Em Floripa vivia em um apartamento com mais três meninas (entre elas a Nayara) que dava de chamar de “casa”. Aqui no Chile é uma república de verdade, com mais de 50 pessoas que dividem cozinha, banheiro e até box de banho. Em Floripa eu sempre cozinhava em casa e só fui uma vez no restaurante universitário (RU). Aqui no Chile estou almoçando no “casino”, como chamam o RU daqui, em vários dias da semana. Em Floripa não faço muitas coisas (para não dizer nada) com o pessoal do curso – salvo alguns colegas –, e aqui vivo com outros estudantes para cima e para baixo. Até porque longe dos namorados só nos sobra a companhia dos colegas de curso e de moradia, hehehe.
A nossa moradia, chamada El Punto, está sendo um bom lugar para morar. Eu e Ná temos boa calefação no quarto - o que é meio raro por aqui – e sempre tem pessoas com quem conversar. Também, com mais de 20 brasileiros na casa o que não falta é agito. Os brasileiros são a maioria aqui, seguido das argentinas (cinco meninas), alguns europeus (maioria alemães e espanhóis) e um coreano, além de uns quatro chilenos.
As aulas na Universidad de Santiago de Chile (USACH) começaram essa semana. Eu, Nayara e Diego tivemos ontem aulas de periodismo (como se chama jornalismo em castellano) e parece que serão boas. As de ontem foram de “Historia de La cultura” e “Analisis político contemporáneo”. O professor de Analisis fala demais, mas parece entender muito bem de política, o que nos agradou. Estamos tentando assistir uma aula de “Periodismo interpretativo” que começa às 8h da manhã, mas as duas aulas dessa semana foram canceladas sem aviso prévio. Acordar tão cedo para nada já está demais, acho que vamos cancelar a matrícula.
Bom, como não tivemos aula vamos aproveitar esse dia de sol para passearmos um pouco mais pela cidade. Nas noites de sexta tem festas no campus da USACH, talvez iremos hoje para ver como é – se melhores, piores ou iguais as da UFSC.
¡Saludos!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Passeio pelo parque O'Higgins

Nossas aulas no Jornalismo da USACH teriam começado nesta quarta (18) se os estudantes não tivessem paralisado as atividades para uma manifestação. Atordoados por termos acordado cedo e dado literalmente com a cara na porta, decidimos aproveitar a tarde ensolarada para conhecer um dos parque mais famosos da capital chilena: o O’Higgins.
O lugar é perfeito para descansar, dar uma caminhada ou namorar. Como a terceira opção é inviável para nós três, que deixamos nossos amados no Brasil, fomos desbravar o local. Algo muito curioso: cheguei no país sabendo que a cultura local é bastante conservadora, mas aqui é muito comum ver casais no chão nas posições mais, digamos, ousadas. Já vimos alguns jovens “se pegando” na universidade, mas no parque havia muito mais! Isso é algo que eu raramente via no Brasil, e aqui todos parecem achar isso muito normal.
No passeio há parquinhos para crianças, pista de corrida, imensos campos gramados sob árvores para dar uma relaxada, lagos, etc. Tentamos controlar o Outro, mas ele não resistiu a brincar no balanço... Hahaha!
Em outros cantos do lugar havia praticantes de artes marciais e de dança. Lary e eu nos emocionamos com umas frutinhas que pareciam uvas e tiramos várias fotos, enquanto o Outro tentava fazer uma pose bonita com os Andes de fundo para enviar para sua mãe.

Um pouco de história... O parque é o segundo maior do país e o pulmão da capital. Dentro dele se encontram a Arena Movistar, que sedia importantes shows internacionais, e o parque de diversão Fantasilandia. Seu nome é em homenagem a Bernardo O’Higgins Riquelme, filho do governador-geral do Chile, que lutou pela independência do país. Fica a dica para o passeio!

Nayara D’Alama

Um dia e várias mancadas

Toda vez que você se muda para uma nova cidade é natural que se sinta perdido, confuso e cometa alguns erros – pequenos e grandes. Mas nós realmente nos superamos em nosso terceiro dia aqui em Santiago.
Na quinta-feira, 12 de agosto, os três catarinas que ainda não haviam se acostumado com o sotaque chileno resolveram atravessar a cidade até Las Condes, o bairro mais chique da capital, para resolver problemas no Banco do Brasil, que fica na avenida Apoquindo, nº 3001. Primeira mancada: esquecer de habilitar o cartão para uso internacional – sim, foi necessário fazer isso para realizar saques e compras com o cartão.
Para chegar em Las Condes foi preciso pegar um metrô na Quintal Normal (estação mais próxima de nossa casa) e fazer uma combinación com a linha 1 até Tobalaba. Segundo uma funcionária do metrô, era só descer e andar duas quadras que estaríamos no banco. Acontece que os gringos (no caso, nós mesmos) nos confundimos com o nome das avenidas e quando descemos do metrô começamos a caminhar na avenida Tobalaba, jurando que o banco ficava nela.
Já eram 13h quando começamos a procurar o BB na Tobalaba – e ele ficava aberto só até às 14h. Após meia hora caminhando até o número 4000, nos demos conta de nosso erro e, apesar do cansaço, começamos a correr tudo de volta. Por sorte um táxi passou e conseguiu nos deixar no banco às 13h50 cravado!
No banco deu tudo certo, e com a ajuda das atendentes (que creem que falam em português) conseguimos ligar para o Brasil e fazer a habilitação. Felizes da vida, resolvemos solucionar um problema com nossos chips de celular, o que foi a segunda mancada.
Compramos três chips da Claro, segunda maior operadora do país. Acontece que eu só conseguia fazer chamadas, o Outro só recebia e o celular da Ná nem funcionava! Fomos os três, todos envocados, para uma ‘tienda’ da Claro fazer as reclamações.
O problema da Ná: seu aparelho estava bloqueado, ou seja, não era problema deles. O problema do Outro não conseguir me ligar: ele anotou meu número errado. O problema de eu só receber: o Outro ligava para outra pessoa. Saímos da loja rindo e morrendo de vergonha, acho que até falei numa espécie de italiano na saída, de tão transtornada que fiquei!
Bom, felizes com tudo resolvido, decidimos almoçar em uma praça de alimentação próxima. Comprei dois hambúrgueres por 3 mil pesos (aproximadamente 12 reais), mas ao passar o cartão na máquina e dar erro na senha duas vezes, meu cartão bloqueou. Motivo: de manhã troquei a senha pela internet e esqueci. Foi a terceira mancada do dia.
Não satisfeitos com tantos erros, marcamos um encontro com o Domingo e o pai em uma esquina: avenida Apoquindo com El Bosque. Ao chegarmos lá notamos que era um enooorme cruzamento e demoramos mais de 15 minutos para nos encontrarmos.
Esse foi o nosso terceiro dia no Chile, e esperamos que tenha sido o único com tantas mancadas de uma vez só.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Final de semana em Mendoza

Na companhia da Lary, nosso pai, Domingo e seu filho Nacho, fui a Mendoza no primeiro final de semana no Chile. Atravessamos os Andes de carro, uma experiência maravilhosa! Estar na cordilheira e ver seus picos nevados, as formações rochosas multicoloridas e a Puente Del Inca é indescritível.
A viagem durou oito horas, com paradas para almoçar e tocar na neve pela primeira vez. Afundei minha bota na neve (o que a deixou imunda), fiz bolinha para jogar nos outros, tirei foto deitada na chão e ainda fiz um boneco de neve de 10 centímetros chamado Nalana (em homenagem a seus criadores: Nayara, Laryssa e Nacho!). Totally turistas!
É dentro de um túnel encravado nas montanhas que ultrapassa-se a fronteira entre o Chile e a Argentina. Após isso vem a parte da burocracia: apresentar passaportes, seguro do carro, etc. Para chegar a Argentina não é problema, o pior é voltar para o Chile! Há muito mais exigências, as bagagens são conferidas e demora bem mais tempo. “É por isso que o turismo no país não é tão desenvolvido”, reclamava um chinelo na alfândega.
Cheguei em Mendoza achando que encontraria uma pequena aldeia ou uma vinícola. Quem conhece lá sabe que me surpreendi. A cidade é enorme! Cheia de prédios, com ruas incrivelmente arborizadas e uma noite agitada! Assim que chegamos, fomos procurar um hotel. Lotado. O da outra rua... lotado. E assim se seguiram as cinco tentativas posteriores. Sem saber, fomos para Mendoza no feriado nacional prolongado da morte do general José San Martín, que participou do processo de independência da Argentina, Chile e Peru. No momento em que eu já pensava em qual bar poderíamos passar toda a noite, encontramos dois quartos disponíveis em um hotel que definimos como – 5 estrelas. Mas não pudemos reclamar, encontramos um teto, afinal!
Para entrarmos no clima do local, saímos para jantar e beber vinho, é claro. E as empanadas que são febre no Chile também fazem sucesso por lá.
No dia seguinte fomos ao Cerro San Martín, de onde se pode ver a cidade do alto e conhecer um pouco da história local. Em seguida, visitamos o mercado municipal e várias lojinhas onde compramos vinhos de ótima qualidade por um preço bem mais acessível que no Brasil. Para fechar com chave de ouro nossa curta excursão, bebemos café na loja dos famosos alfajores Havanna, que não faltaram entre os vários souvenirs que foram na bagagem de volta para o Chile.




Nayara D'Alama

Chile 10 X 0 Brasil

Sempre achei que os brasileiros eram um povo simpático com estrangeiros, acolhedores e muito preocupados. Minha convicção caiu por terra aqui no Chile. Para minha surpresa, perto dos chilenos, somos todos uns grossos mal-educados! Toda atenção e cuidado com que fui recebida me fez refletir sobre isso.
Em uma aventura mochileira nos anos 80, meu pai conheceu o chileno Domingo, com o qual mantém amizade até hoje. Domingo (Tio Domingo ou Dom Domingo, como gosta de brincar) nos buscou no aeroporto, passeou conosco todos os dias da primeira semana, nos apresentou sua família, mostrou toda Santiago, nos levou para passar o final de semana em Mendoza e liga todos os dias para saber como estamos e se temos algum problema na moradia ou universidade. Ontem mesmo nos trouxe um rádio e uma lanterna para caso precisemos em ocasião de um terremoto!
O comportamento chileno parece muito com o oriental. Eles podem não ser tão calorosos quanto nós brasileiros, mas são infinitamente mais carinhosos. E isso demonstram em pequenas ações que não fazem a menor questão que sejam notadas. Por mais que desgostem de alguma coisa, jamais o dirão. Por este motivo, a nossa sinceridade extrema pode feri-los. Um exemplo: quando Domingo nos convidou para jantar no Pizza Hut, meu pai (que nos acompanhou aqui nos primeiros dias) declarou – bastante efusivamente - que não gostava do lugar. A resposta foi: “Mas Dema, eu já comi coisas no Brasil que não gostei e nunca reclamei de nada.” Pode parecer algo simples, mas eu acho que é bem mais profundo para eles. Chego a sentir vergonha...
Seu filho Nacho, de 21 anos e que já nos conhecia de algumas visitas ao Brasil, também me surpreendeu por ser muito educado e atencioso. Bastou a Lary soltar em voz baixa um “Ai, que fome...” para que ele desaparecesse da nossa frente. “Eu não acredito que ele foi atrás de comida”, dissemos uma para a outra. E era verdade.
Isso foi certamente o que mais me chamou atenção nesta primeira semana de intercâmbio. Acho que além de espanhol e de jornalismo, temos muito mais coisas para aprender por aqui.

Nayara D'Alama

Chegada ao Chile




Desembarcamos em Santiago há exatamente uma semana. Nos primeiros dias, desbravamos a metrópole e agora que já conseguimos nos localizar (minimamente) teremos tempo para relatar nossas aventuras pelo país que nos acolherá pelos próximos 5 meses.
Para chegar ao Chile por via aérea, sobrevoamos a cordilheira dos Andes. A vista é impressionante! Após pouco mais de dez minutos sobre os picos nevados, aparece a capital Santiago. A cidade tem mais de 5 milhões de habitantes, segundo moradores, e me lembrou bastante a Curitiba – tanto pelo clima frio, quanto pelas suas ruas centrais e parques. A maior diferença são os Andes, que podem ser vistos de vários pontos da capital (inclusive da sacada do nosso quarto). Apesar de ainda ser inverno, o frio não é tão congelante quanto imaginávamos. É possível sair na rua com apenas um casaco pesado, mas não se pode esquecer dos acessórios: cachecol, gorro e luvas. A maioria dos lugares tem calefação, então assim que se atravessa as portas dispensa-se as roupas quentes.
Um benefício para a mobilidade é que grandes avenidas cortam a cidade de lado a lado. A avenida Alameda, por exemplo, vai desde perto do aeroporto, passa pelo centro da cidade e segue até os bairros mais ricos. O metrô, amplamente utilizado pela população local, facilita a vida de estudantes estrangeiros e desorientados por ser um meio de transporte que leva a todos os cantos rapidamente.
No nosso segundo dia aqui, fomos ao Cerro San Cristobal, de onde se pode ver Santiago de cima. A vista é espetacular, e tivemos a sorte de subir lá em um dia ensolarado. Apesar da névoa de poluição que paira sobre a cidade, é possível ver a cordilheira cercando a cidade, os prédios altos e as grandes avenidas. Nos disseram que após dias de chuva há menos partículas no ar, o que permite admirar a beleza local com mais nitidez. Mas de qualquer jeito é um passeio imperdível!

Nayara D'Alama

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

E começa a viagem!

A partir de 10 de agosto todos poderão acompanhar a viagem dos aspirantes à jornalistas Laryssa, Nayara e Diego, que irão ficar os próximos quatro meses neste país que mistura a neve dos Andes, a aridez do Atacama, famosas vinícolas e as gélidas águas do Pacífico: o Chile!
De intercâmbio na Escuela de Periodismo da Universidad de Santiago de Chile (USACH), passaremos o semestre morando na capital Chilena e traremos pra o blog nossas experiências e curiosidades que acharmos interessante compartilhar!!
Amigos, fiquem atentos, pois por aqui será possivel saber ¿qué se pasa en Chile?